O Festival de Leituras Dramáticas, do Espírito Santo, organizado pelo ator Luiz Carlos Cardoso, realizará sua quinta edição no distrito de Burarama. O evento acontecerá nos dias 12,19 e 26 de março. O projeto é patrocinado pela Lei Rubem Braga de Cachoeiro, tem o apoio cultural da Escola Ciac Raymundo Andrade, é realizado pelo "Grupo Anônimo de Teatro", com produção executiva da "Companhia Do Outro". As apresentações serão todas gratuitas. 

 

Confira a entrevista com o organizador do Festival de Leituras Dramáticas.

 

FATO - Como essa mostra de teatro começou?

 

?Luiz Carlos Cardoso - Começou em 2008 quando surgiu a iniciativa de levar leituras dramáticas de textos capixabas feitas por atores também capixabas. Sem patrocínio de lei ou edital de cultura, fui atrás de algumas empresas que pudessem nos ceder tenda, cadeiras, cachê para os artistas e material gráfico. E assim, quatro grupos participaram do evento. De lá para cá, conseguimos em edições diferentes, apoio da Lei Rubem Braga e da Secretaria de Estado da Cultura.

 

Qual é o objetivo principal do projeto?

 

?- É ser uma janela do que se faz hoje nas artes capixabas. Até a terceira edição, nosso conceito de leituras dramáticas era bem óbvio e específico. O grupo de teatro ia para a cena, lia uma peça e o público assistia. Na quarta e nesta quinta edição, ampliamos o conceito das palavras "leitura" e "dramaticidade" para estar em dia com a diversidade cultural que faz parte do nosso cotidiano. Lemos a arte que está presente não só no texto de quem escreveu e na voz e no corpo de quem lê, mas na música que ouvimos, no movimento que vemos, nas sensações que nos atingem e no diálogo de linguagens que a cultura nos proporciona. Então, temos as leituras dramáticas acontecendo, temos os espetáculos de teatro, mas também temos apresentações de música e dança.

 

O festival amplia suas ações para quais regiões do estado?

 

?- O festival já teve participações de grupos de teatro de Vitória, Guaçuí e Divino de São Lourenço, mas essa é a primeira edição totalmente feita com artistas de Cachoeiro ou que se formaram aqui. ? 

 

Quem são os componentes do Festival e como eles se preparam?

 

?- Pela primeira vez, o Festival chega à Burarama com a apresentação da Cia. Nós de Teatro com o espetáculo "A Incrível História de Tony e Clóvis". A história mostra o encontro de dois palhaços em um lugar perdido e através da música e de jogos corporais e circenses, também se encontram de forma bem humorada com o público.

 

Também integram a programação com a performance inédita de Aroldo Sampaio e Duo Zaimer, com a Livre Cia. da Dança. Os músicos e bailarinos se uniram para criar o espetáculo "Venha Junto", baseado nas músicas dos Beatles. As criações começaram em meados de 2014 e finalmente estreiam em nosso festival, interagindo no espaço da Praça Jerônimo Monteiro.

 

É na praça que ocorre a apresentação dos alunos da oficina de Leituras Dramáticas que o festival desenvolve desde fevereiro na Escola CIAC Raymundo Andrade. Crianças e adolescentes tiveram uma preparação vocal, corporal e uma pesquisa estética e literária para se apresentarem na rua. A direção da oficina pertence aos atores cachoeirenses Mário Ferreira e Isabel Bremide.

 

Encerrando o evento, no Teatro Municipal Rubem Braga, eu apresento o espetáculo "Viajante". No monólogo, incorporo nove personagens, entre eles um viajante que, entre suas andanças, encontra diferentes tipos e conta suas histórias. Ao longo do espetáculo, ocorre também o encontro do viajante com o ator e do ator com o público. A peça ganhou os prêmios de melhor texto e melhor cenário no último Festival Nacional de Teatro de Guaçuí e foi indicada nas categorias melhor ator, diretor, iluminação e espetáculo.

 

Por que essas amostras são importantes para você?

 

?- Porque é a arte acontecendo. Só a arte é capaz de nos fazer existir, e ela - e só ela - quem nos dá as respostas para as perguntas que nos fazemos todos os dias. ? 

 

Quais são suas expectativas para este evento?

 

?- As maiores. Todas as atrações são gratuitas, quase todas em praça pública. Será maravilhoso!

 

Como é essa experiência de representar nove personagens no espetáculo "Viajante"?

 

?- Viajante é um espetáculo que combina bem com esse festival. Ele é um contador de histórias. Em 2013, o diretor Fernando Marques e eu, cada um no seu tempo, viajou muito com espetáculos, trabalhos diversos e fomos colhendo memórias, lembranças, registros dessas andanças. Então nos unimos a partir de uma vontade minha que querer transformar essas histórias em um espetáculo. Ensaiamos por um ano, construímos um texto e, assim, nasceu o espetáculo desse andarilho que encontra pessoas pelo caminho e conta suas histórias. E também da história de um ator que se encontra viajante. ? 

 

 

 

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Dayane Hemerly