O autor, músico e cineasta João Moraes realiza o lançamento do livro de poesias Intelectolices neste sábado (29), no Café Mourad's, localizado na Praça Jerônimo Monteiro, em Cachoeiro de Itapemirim, das 9h às 12h.

Intelectolices é o terceiro livro de João e é composto por poemas curtos, no estilo haicai.

"Newton Braga influenciou-me muito no início da minha vida como leitor. Quando comecei a ler, meu pai presenteou-me com um livro dele que foi autografado para o meu avô. Então, com influência dele, dentre outros autores, gosto muito da poesia direta, mais curta. Newton também tem poemas longos, mas os que mais gosto são os aforismos, as epigramas, que ficam entre o poema e a prosa, em um formato mais curto", explica.

Moraes relata que a poesia sempre foi sua matéria prima e que foi o primeiro gênero textual a escrever, no entanto nunca teve pretensão de fazer publicação de livro do que produzia.

"Publico crônicas, outros estilos, artigos acadêmicos, mas a poesia nunca foi pensada para um exemplar. Porém, Saulo Ribeiro, editor da editora Cousa, viu alguns poemas que eu publiquei nas redes sociais e me chamou para fazer o livro", explica.

Saulo reuniu os poemas e um amigo de muitos anos de João, o Jorge Petrúcio Viana, o ajudou na organização.

"Jorge ajudou-me a evoluir como poeta, ele estuda a poesia, não só a escreve, é um cara que entende muito do assunto. Então pedi ajuda a ele, que deu alguns toques e organizou meus poemas".

 

Estilo próprio

As poesias de João não têm maiúsculas, título e vírgula. Mas ele usa isso como licença poética, uma forma de provocar o leitor.

"Essa dica partiu do próprio Jorge, porque eu já utilizava muito pouca vírgula nos poemas. Desta forma, o público coloca o seu ritmo, sua respiração no poema", finaliza.

 

meu vôo vai direto

para as torres gêmeas

de tuas coxas

não mudará o mundo

um atentado todo meu

 

Nome do livro

O autor explica que não só coloca a poesia no papel, mas trabalha uma história para cada uma que compõe.

"Meus textos não são só uma impressão sentimental estética. É intelectual, mas tem a leveza das tolices, dos devaneios. Alguns poemas tem umas tiradas de humor, mais ou menos como o Millôr Fernandes fazia. Então é um mistura do profundo e do superficial", comenta.

Os poemas contidos na obra foram escritos na trajetória atual do autor, conforme ele firma.

"Eu escrevi poemas ao longo da minha vida toda, mas o que estão no livro fazem parte da minha fase atual da minha vida".

 

Capa

A capa do Intelectolices foi desenhada por Jorge Petrúcio e foi baseada nas obras do artista Pablo Picasso.

"Essa obra, claro, não tem nada de Picasso, mas foi uma brincadeira com suas obras. Essa coisa da desproporção dos pés, a lâmpada é a que está no quadro "Vernica" dele, então foi uma mistura do trabalho do pintor".

João ainda explica que o desenho retrata a intelectualidade no banheiro. "Sentado no banheiro, o sujeito lê um livro e reflete sobre a vida", complementa.

Petrúcio, além de auxiliá-lo, escreveu ainda o Prefácio da obra.

"[...] na poesia e nos poetas a anatomia é completamente louca, pois cada uma de suas partes contém todas as outras e todas elas palpitam com o coração de todas as outras. O bom poeta não é aquele que é somente coração ou cérebro ou fígado ou sexo ou vísceras. O bom poeta é aquele que é todas essas partes - e também todas as outras - funcionando em harmonia, produzindo os fluídos primordiais dos quais se destila a seiva que dá a liga para a matéria prima da poesia.

    Agora, no exato instante em que você está lendo estas palavras, tenho à minha frente - assim como você, leitor - um pequeno livro de poemas que confirma de maneira plena, mais uma vez, a verdade que, como todas as grandes verdades, esteve sempre diante dos meus olhos e que demorei tanto tempo para encontrar."

O livro pode ser adquirido no valor de R$ 30,00, no dinheiro ou no cartão.

A obra também está disponível no site da editora.