Há 28 anos, morria Rubem Braga - Jornal Fato
Cultura

Há 28 anos, morria Rubem Braga

O "sabiá da crônica", como era conhecido Braga, faleceu em 1990 de parada respiratória, consequência de um câncer na laringe


- Foto:Victor Nogueira

Há 28 anos, o Brasil recebia a notícia da morte do saudoso escritor Rubem Braga, filho da Capital Secreta do Mundo, Cachoeiro de Itapemirim. Um dos maiores cronistas brasileiros faleceu no Rio de Janeiro, às 23h30 do dia 19 de dezembro, uma quarta-feira, de 1990.

No mesmo dia, às 14h, ele havia sido internado no hospital Samaritano, em Botafogo, com insuficiência respiratória e problemas cardíacos, em decorrência de um câncer na laringe. Àquela época, o escritor, filho de Raquel Coelho Braga e Francisco Carvalho Braga, completaria 78 anos no próximo dia 12 de janeiro.

Ao descobrir a doença, Rubem pediu para que, quando morresse, fosse cremado e que a família não fizesse velório ou qualquer outra cerimônia fúnebre. Ele recusou-se a fazer tratamento de câncer e trabalhava normalmente, até a sua última internação.

Rubem Braga escreveu inúmeras crônicas. Com fama de mal-humorado, exaltado por ser criador da crônica moderna, relutava em escrever suas memórias, que é o que acabou por ser tornar temas de seus textos. Ele achava o gênero memorialismo chato e redundante.

 

Breve Biografia

O dono do jornal "Correio do Sul" começou no jornalismo aos 15 anos. Ele escrevia crônicas para o "Diário da Tarde". Trabalhou como repórter no "Diários Associados".

Rodou o Brasil. Trabalhou em Recife, no "Diário de Pernambuco", no "Folha do Povo", Rio de Janeiro e, ainda jovem, aos 22 anos, lançou seu primeiro livro de crônicas, "O Conde e o Passarinho". O segundo foi lançado em 1944, "O Morro do Isolamento".

Foi correspondente de guerra na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, pelo "Diário Carioca", e escreveu o livro "Com a FEB na Itália". Após a guerra, voltou para o Brasil, para Morar em Recife, Porto Alegre e São Paulo.

Em torno de 1961, publicou, entre outras obras, "Ai de Ti Copacabana". Nos anos 80, escreveu para o caderno cultural Folhetim, da Folha de São Paulo.

Rubem Braga fez também diversas viagens ao exterior, onde desempenhou função diplomática em Rabat, Marrocos.

 

O cronista do século XX

Para o vereador Higner Mansur, Rubem Braga marcou o século XX com sua escrita transformadora e imorredoura. "Nessa época, ele desafia os limites da crônica, justamente por não ser datado. Mistura lucidez, extrema sensibilidade. Um homem do seu tempo, da sua aldeia - e por isso, atemporal e cidadão do mundo. É fundamental lê-lo, principalmente, nós Cachoeirenses: exemplo, honra, autoestima. O Velho Braga permanece entre nós - em suas crônicas, e na sua Casa. Férias chegando - vamos aproveitar?", sugere.

A secretária de Cultura, Fernanda Martins, descreve Rubem Braga como o brasileiro que elevou a crônica a gênero literário, além de ter sido uma pessoa social e politicamente importante.

"Tudo o que for pesquisado sobre Rubem Braga é o que há de verdade sobre ele. Para Cachoeiro, é uma referência, pois ele projeta a cidade por meio dos textos desde que era vivo.", comenta.

De acordo com Fernanda, o museu mais bem estruturado no município hoje é a Casa dos Braga, que tem, desde a sua inauguração, visitação bastante expressiva. O espaço guarda diversos objetos usados por Rubem Braga, móveis, livros etc. "Escolas do estado inteiro visitam a casa. As pessoas não ficam sabendo, mas esse museu recebe pessoas famosas, muita gente de fora", complementa.

Ela recomenda que os cidadãos visitem a Casa dos Braga, que conta com boa estrutura e acervo bem montado.

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