Folia de Reis... Folias - Jornal Fato
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Folia de Reis... Folias


Logo após eu nascer em Muniz Freire - já vou batendo nos 70 anos - não demorou um ano e nos mudamos de lá, mas sempre voltava nas férias, creio que até os 10 anos de idade.

 

Por ter nascido lá, devo ser um cara abençoado, vez que tenho dois nomes (Higner Mansur, no civil e Higner José Mansur na pia de batismo católica); tenho duas datas de aniversário (27/02/1948 e 05/03/1948), além de ter sido batizado por duas vezes, na Igreja Católica e, depois, para confirmar, na Igreja Presbiteriana do Brasil.

 

Ter tantas datas, tantos nomes, tantos batismos, hoje dá até para brincar, e brinco; mas me lembro, naqueles tempos de férias em Muniz Freire, de uma certa, assustadora e insistente batida de tambores ao redor de distante fogueira de madeiras cruzadas, que espalhava claridade no céu escuro, fagulhas mil. Tudo me apavorava - que diabo era aquilo que meus pais católicos e crentes, uma e outra religião seguidas, não me deixavam aproximar... e quem disse que eu tivesse tamanha coragem?

 

Assim foi boa parte de minha vida, apavorado com as coisas simples do povo mais pobre, mais humilde; não sei se com menos cultura mas, certamente, com uma cultura popular de danças, de congados, de folias de reis e muitas outras danças e crenças bastante afastadas de mim.

 

Mantive meu medo extremo por muito e muitos anos.

 

Até que um dia me surgiu à frente, já no Alegre, talvez comprado com o incentivo de meu pai, um tal Dicionário do Folclore Brasileiro, da Ediouro, editora que, na época, tinha nome diferente. Mas do autor, não tive, não tenho e nunca terei dúvidas - era Catulo da Paixão Cearense, desculpa, era Luís da Câmara Cascudo, aquele que me guiou, guia e guiará pelo folclore afora e pelos folguedos de minha infância e de muito mais tempo depois, tempo nos quais fui reformulando, pela leitura e pela cultura, as boas coisas, as boas festas da gente mais simples, inclusive a Folia de Reis, que é de quem quero falar, enquanto fiquei enrolando causos e episódios verdadeiros que vivi e fui colhendo.

 

Pronto: pulei um tempão e chego ao dia 6 de janeiro de 2018, semana que finda, Dia dos Santos Reis, o primeiro dele em que, além das lições da inteligência normal, pude ver e sentir ao vivo as vibrações dos grupos cachoeirenses.

 

Devo logo dizer, culpa minha não foi, ao menos totalmente; boa parte da culpa que se debite àquela mais que tradicional má vontade que temos com as coisas populares, "mesmo" que sejam cristãs. Geralmente coisa do povo, ainda que cristãs, não são muito bem recebidas.

 

Mas devo dizer que, ao menos em Cachoeiro, onde estou há 50 anos, foi a primeira vez que vi a Prefeitura da Cidade encarnar esse espírito, jogando para foras aquelas restrições bobas, organizando no dia seis referido, aquela simples festa com 5 grupos do município, repletos de crianças, pais e mães, avôs e avós. Ter visto isso lavou-me a alma, tanto quanto me saiu lavada a mesma alma, à medida em que adentravam na Catedral de São Pedro, de Cachoeiro, cantando afinadíssimos, aquela gente tão simples, engalanada com suas roupas coloridas, também simples, tão simples como ela e mais, recebidas pelo Padre Rômulo, que se manifestou como eu esperaria - e eu teria ganho muito culturalmente, se essa manifestação se desse na Igreja de Muniz Freire e de todas as outras de municípios pelos quais passei (seis no total e mais Cachoeiro), católicas ou protestantes.

 

Espero que em 2019, no mesmo caminho percorrido, todas as tantas Folias de Reis locais se apresentem e, nesse dia, mais e mais vençamos preconceitos e enriqueçamos nossos corações, nossa cultura e o respeito pela dos outros.

 

É o que espero.

 

 

Precisamos Conversar Sobre o PLANO DIRETOR MUNICIPAL

 

001 - PDM - Começo a dar sugestões para o PDM de CACHOEIRO.  O cidadão precisa começar a olhar para ele - COISA SÉRIA... - Novo PDM de CACHOEIRO e JAIME LERNER - Tudo a ver.

002 - Quando não há calçada para andar, o culpado é o péssimo PDM que temos, construído com ajuda do nosso silêncio. Acorda CACHOEIRO.

003 - Que tal, no NOVO PDM Cachoeiro, calçadas de imóvel NOVO tenham, no MÍNIMO, 2,50 m de LARGURA?? ACESSIBILIDADE NELAS.

004 - PDM - Olhar o FUTURO. "Não vos convido a falar de pretensas leis promulgadas nos tempos da tirania e do banditismo". VOLTAIRE.

005 - PDM - Lei Fundamental para o bem-estar da cidade, que precisa de audiências públicas, às quais quase ninguém vai. Depois reclama.

006 - PDM - Lembre-se, aqui no jornal é só "provocação". Quero te ver FALANDO nas audiências públicas do PDM.

007 - PDM - A Prefeitura ainda não marcou datas para as AUDIÊNCIAS PÚBLICAS de CACHOEIRO. A G U A R D A N D O.

008 - PDM - OBRIGATÓRIO em audiências públicas, PALESTRAS e presença de urbanistas

SEM VINCULAÇÃO COM INTERESSES FINANCEIROS.

009 - PDM - Vendo a divulgação para o CIDADÃO de São José dos Campos - SP, dá vergonha ver a (falta de) divulgação de CACHOEIRO - Espero que mudemos MUITO.

 


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