Fim de férias - Jornal Fato
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Fim de férias


Eis que as minhas férias chegaram ao fim e retomo assim a rotina agradável de escrever, novamente. Antes, contudo, devo fazer aqui um mea culpa, pois estou em débito com o Wagner, d'O Fato. Eu disse a ele que estaria ausente por cerca de três semanas, isso bem em cima da hora. Na verdade avisei-o no dia em que usualmente envio minhas crônicas para serem publicadas pelo jornal, na semana seguinte. Registro então, aqui, minhas desculpas sinceras.

 

Pois bem, como foram minhas férias, você me pergunta? Boas, obrigado. Mas nada de especial, admito, sem viagens ou passeios; nada marcante. Apenas descansei, li dois ou três livros, passei alguns dias com minhas filhas, peguei praia - Marataízes, para variar. Assim, como diriam os italianos, dediquei-me ao dolce far niente nesses primeiros vinte dias de 2018. Ah, ou nem tanto, pois fiz alguns pequenos reparos domésticos, tais como consertar tomadas quebradas, trocar lâmpadas queimadas, substituir o filtro d'água etc.

 

Contudo, apesar da duração curta, percebi que durante esse período eu me alienei um pouco do que acontecia no Brasil e no mundo. Até que isso, de certa forma, foi bom. Afinal, não há cérebro ou coração que aguentem tamanha quantidade de notícias negativas. Corrupção em todos os níveis de governo e em todos os poderes - claro, estou falando especificamente do nosso país; violência em níveis epidêmicos; problemas na área de saúde até na Inglaterra, quem diria! E por aí vai.

 

Ok, eu sei que notícia é notícia, e os fatos devem ser informados independentemente de serem eles bons ou ruins. Mas ocorre que o foco ultimamente - por favor entenda-se por ultimamente os últimos doze meses, pelo menos - tem sido especialmente a corrupção. E tome denúncias de corrupção contra deputado, contra ministro, contra o presidente da república (assim mesmo, em minúsculas, senhor revisor - pois essa é a estatura deles, todos). E fica tudo por isso mesmo!

 

Mas aí você me lembra: a Lava Jato está aí, esqueceu? E eu respondo, de que adianta denunciar, julgar e condenar, se daí a pouco estarão soltos novamente? Onde está o rigor da lei, se é que ela é rigorosa em nosso país? Acabo por acreditar no que ouvi certa vez na faculdade de Direito, que no Brasil só vão presos os três pês: os pobres, os pretos e as putas. Desculpem-me a linguagem de baixo calão, mas o ditado é desse jeito mesmo, curto e grosso.

 

Mas a sensação de impunidade que nos frustra é que é o pior. Dá-nos - pelo menos a mim - a impressão de que somos feitos de idiotas o tempo todo por aqueles a quem incumbe administrar, gerenciar o Brasil. Tem-se a impressão que o país é um imenso circo e que eles - os vereadores, prefeitos, deputados, senadores, govenadores, presidente, juízes e promotores de justiça - estão no picadeiro, sob os holofotes. Apenas nós, os palhaços, estamos na plateia.

 

Torço para que, quando chegarem as eleições deste ano, tenhamos a capacidade de nos lembrar de todos aqueles que se esqueceram de nós.


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