Fazer o bem a quem?  - Jornal Fato
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Fazer o bem a quem? 


Em um mundo globalizado, onde os avanços precisam ser compartilhados, é natural que os problemas também sejam. Desmatamento, corrupção, violência e terrorismo são infortúnios de todos nós. Assim como são a fome, a miséria e as enfermidades. Ainda que os países ricos insistam que apenas o bom deve ser compartilhado, como avanço tecnológico, petróleo e descoberta de medicamentos, sabemos que o lance não é bem assim. Na saúde, na doença, na riqueza, na pobreza, na alegria e na tristeza. Querer explorar as riquezas dos países pobres e virar as costas para as sub condições de vida de quem lá vivem é prática usual. Levantam muros nas fronteiras para aquelas mesmas pessoas que servem como mão de obra escrava nas multinacionais. Mas isso já é assunto para outra crônica.

 

O que tem me chamado atenção são campanhas de ajudas humanitárias para diversos países, e que são justas, mas a falta de empatia com quem está ao alcance do nosso abraço. Alguém já parou para pensar no tamanho de estragos que a depressão tem causado? E que em cada família e/ ou grupos de amigos tem pelo menos uma pessoa que sofre com isso? Já reparou no olhar triste e cansado do seu irmão ou vizinho? E quantas vezes por semana você visita ou ao menos dá uma atenção especial aos seus pais?

 

Ser e fazer o bem lá fora deve começar de dentro. Dentro de sua casa, do seu trabalho, da sua sala de aula e do seu templo. Não há mérito em mandar leite para a Somália quando o filho da sua empregada sente fome e nem em fazer campanha do agasalho quando seu irmão de fé fica encolhido de frio no último banco da igreja. Olhar longe e enxergar quem precisa de ajuda é uma bela atitude, mas quando antes disso você olhou ao seu redor e viu que por ali vai tudo muito bem, obrigada.

 

Basta lembrar que o mundo gira e que amanhã pode ser você. Pode ser você o desempregado que precisa de uma grana, o doente que precisa de um remédio ou o solitário que precisa de um abraço. Em qualquer dessas situações você verá pessoas passando de um lado para o outro, e que muitas vezes poderão te dar até um bom dia, mas nem por isso te farão sentir-se menos invisível.

 

Ajude nas grandes causas. Viaje pelo mundo cuidando das pessoas necessitadas e dos animais em extinção. Lute contra o aquecimento global e combata com todas as suas forças todas as formas de preconceito. Contribua com os médicos sem fronteiras, seja voluntário da paz nas grandes guerras. Toda ajuda para tornar o mundo um lugar melhor e mais justo é bem-vinda.  Mas não esqueça que do lado da sua casa tem um asilo, que na pracinha há pessoas dormindo nos bancos, que seu filho pode estar precisando conversar e que sua mãe precisa de mais atenção. Ganhe o mundo e faça o bem globalmente, mas, antes disso, apenas estique os braços. Cuide da sua aldeia antes de tornar-se universal.


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