Conexão Mansur - Jornal Fato
Colunistas

Conexão Mansur


 

Roberto Carlos, 75

 

Roberto Carlos - Roberto Carlos Braga - nascido aqui pertinho, no centro da cidade de Cachoeiro -, maior cantor popular brasileiro de todos os tempos, comemora seus 75 anos de nascimento... em Cachoeiro de Itapemirim... sua terra natal. Muito importante, acontecimento muito importante por tantas razões... e emoções ainda maiores.

 

Cada um tem seu temperamento e todo temperamento deve ser respeitado - ele é forjado no dia a dia de cada um..., nos acontecimentos e nos desacontecimentos.

 

Rubem Braga, o maior cronista do Brasil - tal qual Roberto Carlos é o maior cantor popular do País - também nasceu em Cachoeiro (não é comum luzes intensas apresentarem-se no mesmo local, em épocas e estilos diferentes, mas aconteceu em Cachoeiro). Rubem - com agenda menos apertada do que a de Roberto Carlos, ainda que também intensa - poucas vezes vinha a Cachoeiro, poucas vezes sobrava-lhe tempo de voltar à terra natal, e vinha não tanto quanto queríamos, mas vinha. Mas suas lembranças afetivas da terra natal, Cachoeiro, estão distribuídas em algumas de suas milhares de crônicas, nem em todas. Mas o espírito de Cachoeiro paira sobre todas as crônicas. Está lá em espírito - e esse é mais difícil de ver.

 

Exatamente o que se dá com Roberto Carlos, voltado às emoções populares, da gente simples que habita nossa terra. Gostaríamos de pedir a Roberto Carlos Braga, como pediríamos ao velho Braga, que estivessem sempre em Cachoeiro, fisicamente, mas como pedir isso, tendo tantos compromissos a atender lá fora, naquilo que é seu sonho, e é o seu trabalho?

 

E que sonho e que trabalho! Trabalho imenso na música e na alegria que ele, como ninguém mais, proporciona aos amantes da música e tanto mais aos amantes à moda antiga - tanta gente pelo Brasil e mundo a fora. E dessa gente espalhada pelo Brasil e mundo, será que haverá alguém que ainda não saiba que Roberto Carlos é acendradamente cachoeirense das margens do Rio Itapemirim? Coisa que ele não nega, aliás, proclama insistente e veementemente, e não só pelas próprias palavras amorosamente repetidas, como quando naqueles momentos solenes em que canta a maravilha que é o "Meu Pequeno Cachoeiro", do também insuperável Raul Sampaio, o hino mais bonito de reconhecimento a uma cidade que conhecemos e que nos faz - sempre, sempre e sempre - chorar de emoção quando, em qualquer lugar do país e do mundo, o cachoeirense (e o brasileiro de modo geral) a escuta na voz feliz de Roberto Carlos.

 

Seja bem vindo a Cachoeiro Roberto Carlos - os cachoeirenses te saúdam. Aos 75 anos, venha cantar suas emoções e seu amor por Cachoeiro no Estádio do Sumaré; venha alegrar aos cachoeirenses e aos milhares de fãs de fora que, com certeza, estarão "na doce terra onde nasci", neste dia 19 de abril de 2016.

 

 

Na Casa do Rei

 

 

Comemorando os 75 anos de Roberto Carlos na semana que vem, quando ele dará show na cidade e certamente irá à casa onde nasceu, artesãs e artesãos de Cachoeiro prestarão a ele singela e importante homenagem. As bordadeiras cachoeirenses Sirlei, Irineide, Elizangela, Marília, Nilma e Sylea estarão lá, expondo seus bordados, todos inspirados nas músicas do Rei. Esses bordados, juntamente com peças de outros artesãos, estarão à disposição para quem quiser adquiri-los, registrando para sempre esse momento histórico e único do Rei.

 

São atividades como essa que engrandecem a cidade culturalmente, que é quase tudo o que Cachoeiro e seus artistas e artesãos precisam: valorização de seu ofício e de suas obras (falo de artesãos e de artesanato, mas falo de toda a cidade e de todo o cachoeirense, more ou não nesta terra abençoada).

 

Tchékhov ensina a Escrever

 

"Não me permita Deus julgar ou falar aquilo que não sei e não entendo!

 

Corto sem dó. Curioso, agora ando com mania de coisas curtas. Tudo o que leio, seja meu ou de outrem, parece que nunca é curto o suficiente.

 

Tu mesmo deve cortar até o "nec plus ultra" (até o limite) e fazer as modificações. Quanto mais breve fores, mais vezes será publicado.

 

A turba acha que compreende tudo e que sabe tudo, e quanto mais estúpida ela é, mais amplo lhe parece o seu horizonte.

 

Não cabe ao artista resolver questões estritamente especializadas. Não é bom o escritor tratar daquilo que não entende.

 

Ao exigir de um artista uma atitude consciente para com o seu trabalho, você está certo, mas está misturando dois conceitos: a solução do problema e a colocação correta do problema. Só o segundo é obrigação do artista.

 

Eu ignoro a norma, assim como todos nós. Todos sabemos o que é uma conduta desonesta, mas o que vem a ser a tal honestidade nós não sabemos.

 

É necessário que, antes de ser posta no papel, cada frase permaneça uns dos dias na cabeça até ganhar corpo.

 

Escreva um romance. Leve um ano inteiro para escrevê-lo, mais meio para reduzi-lo e então publique.

 

Respeita a ti mesmo, pelo amor de Deus.

 

Deixa a pena de lado quando o cérebro tiver preguiça!... Não invente sofrimentos jamais experimentados e não pintes quadros nunca vistos por ti, pois a mentira num conto incomoda bem mais que numa conversa.

 

Lembra a cada minuto que a sua pena, teu talento te serão mais úteis no futuro do que agora, não os profane. Escreve e fique atento a cada linha, se não quiseres se estrepar.

 

Quem nada quer, nada espera e nada teme não pode ser artista.

 

Os detalhes, ainda que muito interessante, cansam a atenção".

 

(Fala Mansur - Todas essas frases soltas, aí de cima, as recolhi do livro do importantíssimo e clássico escritor russo, Anton Tchékhov - o "Sem Trama e sem Final - 90 conselhos de escrita" - Ed. Martins Fontes, R$ 40,00 - 109 páginas - reputo como um grande manual para aqueles que gostam de escrever e querem escrever bem).

 

 


Comentários