Conexão Mansur - Jornal Fato
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Conexão Mansur


Como meus leitores já devem saber, eleito vereador para a Câmara Municipal de Cachoeiro, inícios de outubro de 2016, fui empossado no primeiro dia de 2017. Nesse dia, na posse do Prefeito Victor Coelho, Caçadores Carnavalescos Clube - CCC, proferi discurso, o qual só é transcrito aqui por ser ele e meu mandato impessoais. Creio isso me permite usar este espaço para tal. Eis o discurso:

 

Senhor Presidente, Colegas Vereadores, Público presente e, por fim, mas não por último, Caríssimo Prefeito Victor Coelho:

 

Diz Francesco Guicciardini, historiador italiano, dos anos 1500: - "Pouco e bom, diz o provérbio. Impossível que quem diz muitas coisas não faça muita farelagem". Falarei pouco e direto ao Prefeito, que terá sempre o respeito deste Vereador, que não lhe pediu cargo e não pedirá; que o acompanhará e sugerirá o que - republicanamente - entender bom para Cachoeiro. E para cumprir a promessa de não falar muito e distribuir farelos no recinto, pontuo:

 

- Que V. Exa., visando o curto e o longo prazo:

1 - Olhe com carinho para o sério problema da acessibilidade e mobilidade urbana - isso está penalizando grave e fisicamente os cachoeirenses e ninguém está nem aí, exceto os que sofrem;

2 - Cuide dos Concursos Públicos, como norma;

3 - Cuide de Plano Diretor Municipal (PDM) com olhos para o cidadão, e não para a exploração predatória da cidade, como tem sido;

4 - Homem de Cultura que é, valorize Cultura local e regional - inclusive folclore e artesanato locais e seus personagens, afastando shows comerciais importados, que arrombam o cofre público - isso é coisa da iniciativa privada;

5 - Olhe com carinho para as riquezas do interior do município: turismo, agro turismo, agricultura familiar, pecuária leiteira, etc.;

6 - Cuide do Rio Itapemirim, com coragem; não viremos mais as costas para ele;

7 - Dê valor à região sul do Espírito Santo, pois tal valor enriquece Cachoeiro também, com certeza mais do que ficar olhando só para nosso umbigo;

8 - Recupere os pontos de visitação turísticos e culturais do município, hoje devastados;

9 - Faça pacto republicano com a iniciativa privada, principalmente divulgando nossa produção (mármore, granito, etc.) lá fora, com comprometimento da mesma iniciativa privada com o que há de mais importante no município;

10 - Conte sempre comigo na Câmara. Quando subir as escadarias do Poder Executivo, SEMPRE subirei pela coisa pública, a favor de Cachoeiro e do povo; NUNCA em favor pessoal ou de amigos.

Seja feliz Prefeito, sejamos felizes também. E obrigado aos que votaram em nós. (Desse discurso, no dia da posse, entreguei cópia impressa ao Prefeito Victor).

 

Confissões

Preciso confessar algo que venho escondendo há algum tempo, exceto a amigos extremados.

A confissão: aos 68 anos de idade venho me esquecendo de muita coisa, como fisionomia das pessoas (isso sempre tive), dos nomes delas, ao menos as conhecidas recentemente e das muitas pessoas que venho conhecendo ultimamente, seja por ter retornado às lides eleitorais, seja pelo alcance que passei a ter por minhas crônicas (Sete Dias e Espírito Santo de Fato) e, agora, no facebook, com "minhas" páginas de História, Fotografia, Artesanato e Cultura de modo geral.

Não passa dia em que dá "branco total" frente a três ou quatro amigos recentes. Aconteceu, por exemplo, há dias, quando um "menininho" me chamou pelo nome e como não gosto de mentir ou fingir, perguntei pelo nome dele - era Lucas Schuina, que me fizera ótima entrevista para o jornal Aqui Notícias; não tem nem um mês da entrevista.

Deixei de relutar em divulgar esses esquecimentos porque, doravante, tal pode se dar com muito mais frequência; o fato de ser vereador dá bem maior visibilidade e eu preferi ser chamado de esquecido do que de ingrato ou "metido a besta".

A fonte da confissão? Semana passada, no supermercado, cidadão que certamente me conhece, me abordou. Como minha sacola de compras estava completa, ele brincou: - "Gastando por conta, né, Vereador!". Ri meio desconcertado e respondi sem rudeza (?), certamente não feliz:

- "Não faz isso comigo não".

O cidadão, visivelmente desconcertado também, talvez mais que eu, pediu-me desculpas e disse que era brincadeira. Não me lembro da cara que fiz após a brincadeira - agora sei que foi brincadeira - se cara jocosa ou meio enraivecida, acho que a última é mais provável.

Chegando em casa, entendi que lhe devia desculpas; não ele a mim. Ele fizera mera brincadeira, achando que eu o conhecia e eu não o conhecia, ao menos não me lembrava.

O que fazer, senão sentar-me ao computador e pedir desculpas escritas ao amigo e à sua senhora - os quais não identifiquei; e ficar na expectativa de que ele me leia e perdoe o pobre esquecido das coisas?

(Isso permite confessar de meus esquecimentos pelas vias da idade, mas não de perda da razão e da responsabilidade; senão porque estaria eu escrevendo isso aqui, agora?).

 

 

O Movimento Cultural Deste Fim de Semana

(Publicado em 21 08 2008)

No momento em que escrevo (08/2008) tenho à frente o convite da Associação Coralista CANTO LIVRE, para o XIV Encontro Cachoeirense de Corais. Encontro marcado para 21 e 22 de junho (sábado e domingo), às 20 horas na Catedral de São Pedro, Igreja Matriz de Cachoeiro. São sete corais no sábado (três de Cachoeiro e quatro da Grande Vitória) e outros sete no domingo (dois de Cachoeiro e cinco de Vitória).

Esses encontros, só agora percebo que já vão para 14 anos, são prova viva de que quem quer faz, e de que "quem sabe faz a hora, não espera acontecer", como diz Geraldo Vandré. Observando o convite verifico que dois fatos são constantes nesses catorze encontros: o primeiro é que a Fernanda (maestrina) é uma heroína no comando de uma troupe de heróis. Eu a conheci e conheci seu grupo CANTO LIVRE, bem lá atrás, no começo, em reunião do Jardim de Infância e já então sentira que para a turma de Fernanda não teria pedras no caminho. Tivesse, eles a removeriam, com dificuldades, mas moveriam. A sobrevivência do grupo, firme e sem concessões, é a maior prova, não do meu acerto, mas da fibra dessa gente simpática que se envolveu e mantém um grupo de cantores tão expressivo, nesses dias de pouca expressão cultural do poder público.

E já que disse que observara dois fatos constantes, digo que o segundo (esse lamentável) é o fato de que o CANTO LIVRE, como todos os movimentos culturais de Cachoeiro, ao menos aqueles que não são puxa-sacos das autoridades, viverem e sobreviverem às expensas próprias e com patrocínio de empresas privadas de Cachoeiro, as quais, no caso do XIV Encontro, relaciono com muito prazer: Bracon, Galpão Móveis, Flecha Branca, Vecal, Serraria de Mármore Santo Antônio, Unimed, FDCI, Clínica Santa Isabel, CITÁGUA, Eletrônica Shangay, Posto de Molas Fabrini, Kelly Restaurante, Catedral e Escritório de Contabilidade Adiuso Rocha Coelho. Gente que está ao lado de Fernanda, do CANTO LIVRE e de tantas pessoas que se dedicam à cultura da terra.

Exemplo de como preservar a cultura em Cachoeiro, sem o poder público, o qual poder é inútil para a cultura (isso, repetindo sempre, sem desprezar o trabalho de Sísifo e das Danaides de alguns secretários e servidores municipais).

O convite para a apresentação do ENCONTRO DE CORAIS na Catedral, é estendido a toda população; é chegar e ir se sentando nos bancos da Catedral.

(PS. Seria injusto não registrar o esforço pessoal do Secretário de Cultura Carlos Roberto de Souza e dos funcionários da secretaria).

(Estou repetindo esta crônica de quase 9 anos, para não só reconhecer o trabalho histórico da Fernanda Martins, como para louvar o Sr. Prefeito, pela excelente escolha dela como Secretária de Cultura. Espero vivamente que o Prefeito coloque na Secretaria de Cultura o Artesanato e o Turismo, ambos apagados institucionalmente nos últimos 8 anos e que só sobreviveram porque coisas boas não morrem, hibernam).


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