Começar de Novo - Jornal Fato
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Começar de Novo


Andam dizendo por ai que Cachoeiro não é mais a "Atenas Capixaba", é "Apenas Capixaba". Brincadeira de mau gosto que, por vezes, se aproxima perigosamente da seriedade. Repito; o dito tem séria aparência de verdade, mas não é pela falta de atrativos turísticos, culturais, artesanais, belezas naturais, gente preparada e de capacidade artística e etc. Tais aparecem aos borbotões em nossa região. O que falta é mais cuidado governamental. Não havendo, acaba por se retrair e não dá em nada.

 

A última administração municipal foi um desastre quanto a isso, quanto ao aproveitamento de tantas e tantas pessoas que - minimamente incentivadas - chegariam bem mais longe do que normalmente tem chegado. Seja na música, seja no artesanato, seja nas áreas turísticas e seja em tudo o mais que se refere a essas matérias, Cachoeiro e a Região Sul são fontes que não seca, sempre jorrando. Mas, faltando trato - faltando genuína e séria política na área, mal acaba de nascer e se apaga aquele que cria.

 

É preciso que o Poder Público local, com o de outros municípios da região acorde - Poder Público é uma anta, quanto a se apresentar culturalmente; mas a anta se transforma em águia de alto voo quando faz o que deve fazer - descer do salto alto, por a mão na massa, incentivar artistas e projetos, esquecendo-se da porcariada que, vez por outro, aporta aqui.

 

A gente das áreas referidas está de olhos abertos, novas esperanças de que a atual administração municipal faça valer as tradições culturais. Os primeiros passos já estão sendo dados, mas primeiro passo é só início, falta confirmar.

 

Notícias que tenho captado através de minhas fontes não tão secretas apontam para boas novidades, mas eu, macaco velho, ando esperando que barreiras burocráticas sejam transpostas e que a demagogia que imperava antes, nessa área, por fim acabe e, acabando, raiem novas emoções na cidade e na região sul, tão importantes.

 

Sejam músicos, sejam escritores, sejam artesãos, seja gente do agro turismo e do turismo de modo geral, espera-se que o município tenha coragem de inovar e permanecer na inovação. Deixem os atores trabalharem e se especializem - os governos - só no que lhe cabe: - Apoio e incentivo aos da terra.

 

Nesta semana vi uma dupla de jovens cachoeirenses - bem jovens mesmo - tocando música caipira, a boa, um no violino e outro no órgão. Foi tão rápido, que nem anotei o nome deles, mas foi suficiente para entender que, bem encaminhados, terão futuro, carregando a cidade, a região e os demais novos artistas a carreiras mais sólidas e com menos sofrimento.

 

A ida a Venda Nova Imigrante, para ver a experiência de 20 anos da Escola de Artesanato de Mármore e Granito é bom começo da administração municipal - antes nem começo tinha - mas precisa ser alavancada e levada a sério.

 

Estou com a esperança que todos devemos ter, ainda que - ainda - meio de pé atrás.

 

Romário Rosa, Artesão

Encontro na Feira do Mármore e do Granito de Cachoeiro os trabalhos artesanais de altíssima qualidade do Romário Rosa, o mais persistente de nossos artesãos da pedra. Leva pedrada e faz da mesma pedra uma obra de arte. Recentemente Romário foi certificado pela multinacional Shell, com o Selo de Empreendedor Sustentável, deferido a poucos.

 

É bem verdade que não encontrei o Romário no stand, ao lado de sua extraordinária obra, mas lá estava cheio de fãs dele, como mostra a foto de Marcos Mozeli.

 

(Se o setor de mármore colaborar, não tenho dúvida que, mesmo após tantos anos de calmaria, novos caminhos se abrirão inclusive para nossas pedras).

 

A 1ª Expo Verde Flor de Cachoeiro

 

(Crônica publicada nesta página, em 2004 - O Lions Cachoeiro continua no bom caminho. A cidade e a administração pública continuam no mau caminho).

 

Entrar na grande tenda branca, armada ao lado do Cenciarte (Palácio), na Praça Jerônimo Monteiro, é mergulhar numa profusão de verde misturada a flores multicoloridas de mil matizes. É entrar em jardim florido que não imaginei entrar, pouco antes. Pequena mostra da cidade paulista de Holambra, de sua produção generosa de bonsais, flores e plantas em quantidade; e cactos, os mais miúdos, os mais graciosos, os mais simpáticos.

 

Tenho especial prazer em admirar os pequenos cactos em seus verdes floridos com pequenas flores, plantas nascidas do chão rústico, árido, que recebe pouca água. São os cactos, para mim, cronista de poucas letras, um exemplo. O chão pobre que os recebe, não é, para eles, questão de maior indagação.

 

O trio de cactos floridos e minúsculos que tenho à minha cabeceira mostra, em meus acordares, vigor que, por vezes, não tenho. Mas eles estão lá, há meses, floridos de vermelho, de roxo e de amarelo; dezoito pérolas coloridas, fincadas no chão pobre.

 

Pois bem, a iniciativa do Lions Clube Cachoeiro, trazendo a exposição das maravilhas de Holambra, traz outras lições, além dessa volta que dei ao redor dos cactos suculentos de minha cabeceira. Mostra as belezas da natureza misturadas por mãos cuidadosas, e tecnologia, e marketing da cidade paulista. Contribui para diminuir dores e sofrimentos de tantos cachoeirenses; o lucro das vendas vai para o trabalho social do Lions. E autoriza - com o sucesso da Expo, desde o primeiro dia - que os cachoeirenses que cuidam profissionalmente, ou como amadores, de flores e plantas, se reanimem e novamente tragam ao centro da cidade o fruto de seus labores, pequenas plantas e orquídeas regionais. Exposições que, de quando em quando, faziam, mostrando as belezas das terras quentes daqui e das terras frias de Vargem Alta e região serrana do sul.

 

E eu pergunto: qual o impacto visual e na economia cachoeirense que teria uma exposição de mármores e granitos de todas as cores, brutos e lapidados por nossas quase mil indústrias? Qual impacto de uma exposição que percorresse o Brasil de ponta a ponta, mostrando essa outra beleza da terra, do reino mineral?

 


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