Era uma tarde como qualquer outra que se segue monótona, por isso quis repentinamente reverter aquele efeito chato de sempre agir da mesma forma, sendo impulsionada pela comodidade de todos os dias, não agindo como quero, mas como a vida me leva.

 

Foi assim que passei a fazer algo diferente, e percorri todo aquele imenso céu com meu olhar, fiquei ali parada por certos minutos o analisando. Paralisei olhando aquele novo universo de cores, e deixei todos os pensamentos de lado. Eu poderia arranjar um tempinho para todas as outras coisas, mas para o céu?  

 

-Bom, acho que não, dali a alguns instantes aquelas cores alaranjadas passariam e a vida e os afazeres ainda estariam ali.

 

As vezes acordo com dias por vezes sendo nublados e cinzentos, com aquela melancolia de velório, outros dias sendo mais ensolarados, trazendo aquelas lembranças de verões passados e férias, mas as vezes o céu não tem cara de nada disso, você apenas o vê com cores diferentes, e sabe que o dia vai ser bom independente de qualquer coisa, porém isso não é pelo céu e sim pelo seu interior. Como nos vemos assim veremos o céu.

 

E é por isso que eu acho graça na forma como o céu pode mudar de cor várias vezes no dia, isso às vezes por menos de um minuto, e ainda sim ser uma instabilidade que permanece hipnotizante, e mais, me faz pensar que se o céu acaba sofrendo tal metamorfose assim tão de repente, a vida também sofre, e em apenas um dia, muitas coisas podem acontecer.

 

E olhando pro céu essa tarde eu descobri o motivo, o meu interior me fez avistar muito além de um céu multicolor. Me fez ver que quando passei a olhar bem para aquele céu, em mim se despertou um anseio de apesar de passar por dias extremamente pintados pela cor da vida: com dias um pouco cinzentos entre outros bem iluminados. É que devo passa-los sendo bem vividos e tingi-los ainda mais com a minha essência, com a cor da minha vida, com a cor do meu dia, não fazendo do céu a cor do estado de espírito que estou. Mas fazendo do céu o que eu realmente sou.