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Amigos


Todo mundo deveria, por lei, achar uma brecha na agenda e convidar semanalmente um amigo para tomar um café, dividir uma garrafa de vinho ou algumas cervejas, conversar bobagens e resgatar a leveza encoberta pela fina poeira do cotidiano.

 

Um amigo me enviou a bonita mensagem acima via Whatsapp, na semana passada, e com ela inicio esta crônica, fazendo uma ressalva, contudo. Eu não acho queserianecessária uma leipara nos obrigar a isso, a achar uma brecha em nossas agendas para nos encontrarmos com nossos amigos; creio que seria suficiente se nos déssemos conta de quão importante em nossas vidas os nossos amigos são, na realidade. Sentimos isso de maneira mais contundente quando há uma reunião, um encontro e, ao fim, percebemos como foi bom estarmos juntos e a falta que fazemos uns aos outros; mas depois retornamos cada um para sua rotina e nos distanciamos novamente.

 

Em nosso cotidiano deixamo-nos envolver pelas responsabilidades profissionais e familiares, pela rotina, e nos esquecemos dos amigos, frequentemente. Bem, na verdade não nos esquecemos deles totalmente, é como se os colocássemos no modo stand by durante um tempo, e depois quando precisamos ou lembramos, os ativamosde novo- e eles fazem o mesmo conosco, não há nada de errado com isso, apenas não aproveitamos a amizade como poderíamos. Há amigos que não se veem por meses, ou mesmo por anos, e quando acontece o reencontro é como se houvesse passado apenas alguns minutos desde a última despedida. A conversa então flui franca e aberta entre eles, sem receios, meios termos, parêntesis ou reticências.

 

Amizades verdadeiras são muito raras, difíceis mesmo de ser encontradas e cultivadas; sua mantença requer cuidados frequentes,apesar de não muito intensos, em minha opinião - sabe gotas homeopáticas? Desse jeito. Claro que o contato regular é o ideal, mesmo que sejam poucos minutos ao dia, e poucos dias ao mês; olhos nos olhos egargalhadas compartilhadas alimentam e fortalecem a amizade.Contudo, se não for possível ver o amigo regularmente, deve-se pelo menos mantê-lo do lado esquerdo do peito, dentro do coração, como diz Milton Nascimento; ou seja, amigo não se esquece. É importante também aproveitar ao máximo possível osmomentos vividos junto com os amigos, afinal nunca se sabe quem irá partir antes, ou quando. Ora, quem sou eu para dar receita para alguém sobre como manter suas amizades; logo eu, que tenho andado tão relapso com as minhas!

 

Sabemos, caro leitor, que família não se pode escolher, quando nascemos ganhamos uma do jeito que elaé, gostemos dela ou não; e amigos também não ganhamos. Amigos nós conquistamos.Nós os escolhemos, sabe-se lá por quais motivos, e ao longo dos anos esse relacionamento vai se consolidando, fortalecendo, criando raízes.

 

Mas, voltando ao primeiro parágrafo, eu citaria, além do vinho e da cerveja, uma garrafa de uma boa cachaça, acompanhada por uma porção de torresmos estalando de quentes - e uma prosa sem pressa para terminar.

 

 


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