Projeto de revitalização de praça gera polêmica em Guaçuí - Jornal Fato
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Projeto de revitalização de praça gera polêmica em Guaçuí

De acordo com o engenheiro civil da pasta, Yago Marchito de Siqueira Gonçalves, o projeto prevê cortes de árvores tradicionais, mas nega que elas sejam centenárias.


- Foto: Ilustrativa/ Arquivo PMG.

Um projeto de revitalização da Praça João Acacinho está dando o que falar em Guaçuí. Nesta quinta-feira (04), a Prefeitura realizou uma Audiência Pública para apresentar aos moradores detalhes das mudanças idealizadas para local que traz inúmeras recordações aos guaçuienses. A ideia do evento era reunir, além de autoridades locais, a comunidade em geral para também opinar sobre o projeto. Contudo, o Teatro Municipal Fernando Torres, onde a audiência aconteceu na tarde de ontem, estava praticamente vazio. Logo após o evento, o assunto repercutiu pela cidade e vem gerando diversos questionamentos.

Uma das reclamações foi quanto ao horário em que foi realizada a audiência. "Esses horários não favorecem a maioria da população que trabalha em horário comercial", disse a moradora Eduarda Carvalho.

Outro ponto, talvez o mais polêmico, é sobre o corte de árvores antigas. Para o engenheiro florestal, mestre em ciências florestais, e morador de Guaçuí, Felipe Gomes, cortar as árvores já existentes para plantar outras espécies, ornamentais, pode ser uma substituição perigosa. "Hoje temos um serviço ambiental na praça com as árvores que a gente tem, muito maior que possamos ter com essa substituição, com essa diminuição do número de árvores", destaca.

Felipe Gomes, ao lado da professora universitária, Cristiane Moura, e demais alunos da disciplina de Florestas Urbanas, do curso de Engenharia Florestal da UFes, realizou nesta quinta-feira uma aula prática na Praça João Acacinho, onde fizeram um levantamento sobre as espécies existentes.

"Pelo levantamento ontem, já identificamos que a gente tem Sapucaia, Ipê, Pau-Brasil, Sibipiruna, a gente tem inclusive a Pata de Vaca que eles vão colocar de novo. Temos uma diversidade de plantas muito maior hoje na praça, que já são de grande porte. Tem árvores que deve ter mais de 20 metros. O perigo é que eles vão remover estas árvores e vão plantar outras três espécies, junto com as outras gramíneas e as ornamentais. Temos que ter um cuidado quando vamos fazer essa substituição. E também pensar em longo prazo. Quanto tempo essas plantas vão demorar para atingir o porte das que temos atualmente?". Outra preocupação do engenheiro florestal é que o projeto não detalha a destinação da madeira dos cortes de árvores.

Para a moradora Adriana, a projeto não deveria ser realizado por haver outras necessidades no município. "Reforma é totalmente desnecessária! Existem outras prioridades para serem atendidas no município. Como segurança, limpeza pública, geração de emprego e renda, incentivo ao comércio e ao turismo", pontua.

Mas também há quem aprove. "Vi o projeto em 3D. Lindo. Melhor do que árvore caindo na cabeça do povo, de uma hora para outra", diz Francis Fátima Cardoso.

Recentemente, durante um temporal, galhos de uma árvore caiu, causando a interdição de uma rua lateral à praça João Acacinho.

O jornalismo do FATO entrou em contato com a Secretaria Municipal de Obras para esclarecer os questionamentos da população. De acordo com o engenheiro civil da pasta, Yago Marchito de Siqueira Gonçalves, o projeto prevê cortes de árvores tradicionais, mas nega que elas sejam centenárias. "A praça foi reformada há 50 anos atrás. Não existe árvores centenárias". Apesar desta afirmação, o engenheiro não soube precisar a idade das espécies nativas que compõem o jardim.

Quanto ao número de árvores, seriam cortadas 15 árvores tradicionais de um total 55 e plantadas 24 novas árvores. A quantidade difere do que vem sendo propagado pelas conversas entre moradores, onde diziam que mais de 40 árvores antigas seriam arrancadas.

Como justificativa para os cortes, o engenheiro pontuou que as espécies existentes possuem raízes rasas, o que vem gerando deformação no solo. As novas espécies que seriam plantadas são de raízes profundas. "O objetivo é não prejudicar a acessibilidade na praça". Outro ponto levantado é quanto à segurança pública que, segundo Yago, está comprometida com o elevado número de árvores na praça. "À noite a praça fica escura", afirma. "Não podemos pensar só na história. Temos que pensar na história, mas também na segurança dos munícipes", completa.

E por falar em história, atualmente o calçamento da praça é de Pedras Portuguesas, o que já se tornou uma característica do local. O engenheiro explica que, para manter a história, será construído um memorial na praça, e apenas nesse trecho, será utilizado Pedras Portuguesas, no calçamento.

Sobre o dia e horário de realização da audiência pública, o Yago justificou que a empresa Lugare, responsável pelo projeto, afirmou que ontem no período da tarde era o único horário disponível para que o representante pudesse estar em Guaçuí para explicar o que foi projetado.

Para finalizar, Yago relata que ampliar o espaço de circulação foi projetado com o intuito de passar a realizar a feira municipal dentro da praça para liberar a circulação de veículos na rua lateral, que é interditada toda sexta-feira. "Melhoraria consideravelmente o trânsito da cidade".

A Prefeitura destaca que os cidadãos têm até o dia 10 de abril para manifestar suas considerações por meio de ofícios, no Setor de Protocolo da Prefeitura, das 08h às 11h e das 13h às 17h. As contribuições serão analisadas pela administração municipal e passarão pelo crivo do Conselho de Meio Ambiente, Conselho da Cidade e Conselho do Turismo.

Somente após essa etapa de avaliação será definido se o projeto será aprovado ou se sofrerá ajustes conforme as sugestões apresentadas pela comunidade.

 

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