Verdadeiro Espírito de Natal - Jornal Fato
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Verdadeiro Espírito de Natal


 

O Natal se aproxima! Ho! Ho! Ho!

Com isso começam a surgir bons desejos e muitas compras. Fala-se em espírito natalino, mas, que espírito é esse, senão as manifestações de amor e de doação que nessa época se acentuam?

Todavia, mais que de presentes, o mundo precisa de respeito, de compaixão e de tolerância, mas não só no Natal, pois todos os dias Jesus bate à porta e pede para nascer em nossos corações. Todos os dias nos deparamos com seres humanos iluminados e limitados que precisam do nosso olhar, do nosso amor e da nossa doação, mesmo que doemos apenas um pouco do nosso tempo e do nosso olhar. Amanhã, quem sabe, poderemos ser nós a precisar?

Nesse fim de semana experimentei o Natal.  Passei cerca de 11 horas do sábado e 11 horas do domingo no setor de oncologia do Hospital Evangelho.

Nesse lugar conheci pessoas especiais que lutam pela vida e outras que, vivendo o verdadeiro Natal, aliviam a luta alheia enquanto suportam, por amor, ficar horas diurnas e noturnas sentados em uma cadeira sem conforto. Em geral as famílias se revezam, mas a Sra. Marilanda não. Ela veio de Minas Gerais, abandonou sua vida e faz uma semana que, diuturnamente, fica sozinha ao lado de sua filha, que é uma pessoa encantadora, como as demais que tive a dádiva de conhecer.

Na oncologia todos se olham, se ajudam e compartilham das mesmas dores e alegrias. A superação de um, alegra a todos; a piora de um, a todos entristece. Quando alguém sorri, todos se contagiam com a alegria. Quando entra alguém para orar, todos oram. A alma enxerga a beleza interna do Outro e a aparência já não importa.

Cada um tem sua história de vida, seu sonho e suas dores. Cada um tem o marco da descoberta do câncer ou do retorno da doença após anos da cura primeira.

Naquele quarto do hospital pouco importa o status social; o sobrenome; a idade; a roupa; a cor; a raça ou a aparência, somos todos simplesmente humanos e irmãos. Contudo faz toda diferença o amor que foi plantado no decorrer do curto ou longo lapso temporal até ali vivido.

Nesse fim de semana, aprendi que, quando a mudança havida na vida é grande e limitativa, "Deus nos ajuda a encontrar um novo normal".

SABRINA, ANAIR, PRISCILA, ROSINEIA, MARIA, NILZA, FÁBIO, ..., pessoas únicas e admiráveis que, a cada dia, têm encontrado um novo normal em suas vidas. Apesar disso, não perdem a fé, a força e o amor pela vida e pela família.

Após ser movida a produzir esse texto, dentro da oncologia mesmo, senti o ímpeto de lê-lo para as pessoas que me inspiraram. Após a leitura em voz alta, o ambiente se iluminou! Começamos a conversar, a desabafar e, em nossos corações, revelou-se a certeza de que: após o susto e o medo causado pelo diagnóstico do câncer (ou outras doenças graves), Deus vai recolocando a vida pessoal e familiar sob os novos trilhos e, mesmo quando mudanças acontecem, ainda assim prevalecem o amor, a fé e a certeza de que a vida vale a pena. Isso fortalece àqueles que lutam lindamente e, por isso, suportam os males do tratamento.

Uma vez ao lado dessas pessoas, aprendemos a amá-las e, mesmo que o destino não nos coloque frente a frente novamente, por certo, suas lembranças e exemplos estarão para sempre em nossos corações. Posso dizer que minha alma, de algum modo, ficou entrelaçada a delas e desejo todo bem, toda saúde e todas as dádivas que a vida puder proporcionar. No Natal desejo que o próprio Cristo, Àquele que tudo pode, seja o presente de cada um desses guerreiros e guerreiras.

Isso é Natal! Natal é amar! O resto é comércio, capitalismo e mimo. Mimo é bom, mas o Amor, que é Cristo, é essencial, pois no final, somente o Amor fica.

 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins

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Katiuscia Marins Colunista/Jornal Fato Advogada e professora

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