Tempos difíceis - Jornal Fato
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Tempos difíceis

No estacionamento do Banco assisti uma cena surreal


No estacionamento do Banco assisti uma cena surreal. Uma senhora teve um ataque de raiva porque alguém havia estacionado fechando o seu carro - gritava e xingava possessa. Pensei o quanto mais simples seria ela procurar o guarda do estabelecimento e pedir que ele verificasse a quem pertencia o carro, além de mais educado e economizaria toda a adrenalina dispendida na cena por ela protagonizada. Saí dali pensando no fato do qual fui vítima - um cidadão insano que quebrou os retrovisores do meu carro; na história da minha amiga, pessoa doce e que dedica sua vida a ajudar o próximo, que foi abordada por uma desconhecida que lhe atirou palavras de impropério, e de tantos que são vítimas da inveja e ódio gratuitos. Tempos difíceis, pessoas com pavio curto no trânsito, no trabalho, no lazer - campos de futebol se transformam em campos de guerra, não se tem segurança e tranquilidade nem no último refúgio que é o lar. Os jornais televisivos jorram cenas aterrorizantes e há um estranhamento coletivo em todos os lugares. A greve dos caminhoneiros foi o estopim para um quadro de desalento total.

A falta de esperança tomou conta das pessoas, não se acredita que a classe política possa reverter essa situação, e a frieza das ruas em véspera da Copa do Mundo é fato incontestável. Muitos preferem abandonar as redes sociais, desligam a TV, fecham os jornais, na tentativa de escapulir da neura generalizada.  Outros vão viver num sítio, longe dos meios de comunicação ou morar fora do país - Portugal nunca recebeu tantos imigrantes brasileiros. Fugir seria a solução? Sempre questiono: seríamos felizes longe da nossa família, dos amigos, da cidade em que sempre vivemos e do trabalho que realizamos? É uma decisão de muito peso, que requer total desapego, e mais propícia aos jovens que ainda não possuem tantos laços.

Prefiro não me desesperançar e no espaço de influência que me compete, fazer a minha parte. E sempre acreditar que um mundo melhor depende de cada um de nós. E nesse espírito orgulhar-me do que temos de bom - cultura, futebol, música, artes, ciência, extensão territorial, riquezas naturais e tantos mais.  E torcer para que o final da crise esteja próximo. E quanto a Copa do Mundo, se o Brasil começar ganhando o povo se anima!


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