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Desisto. Joguei a toalha. As pessoas não desejam o diálogo


Desisto. Joguei a toalha. As pessoas não desejam o diálogo. Menos ainda nas redes sociais. Só aceitam se você for da mesma opinião política, social e de gênero... Você pode ter opinião, desde que seja de acordo com o grupo que você se encontra. Uma involução social. Nenhuma tolerância com o outro. Empobrecemos socialmente e culturalmente. Confesso: vivo a alienação. Prefiro, para evitar constrangimentos, nas redes sociais, ficar com o bom dia, boa tarde, boa noite. Nas conversas diárias, caso eu perceba o bom humor, cumprimento; caso contrário, só um balançar de cabeça, pois dependendo do momento, após o bom dia, posso receber de volta: "Só se for para você." Nas mensagens postadas procuro me manter apenas nas felicitações de datas comemorativas. Opinião política: nunca. Algo piorou após o atentado ao presidenciável, em Juiz de Fora. A ação rápida e eficiente do Serviço de Emergência da Santa Casa salvou a vida do candidato. Serviço prestado pelo Sistema Único de Saúde - SUS. No dia seguinte, paciente foi transferido para hospital privado e um dos mais caros do país. O cirurgião que realizou o procedimento vascular receberá R$ 367,00 e o hospital que forneceu toda estrutura, inclusive o leito de UTI para o pós-operatório, receberá um valor que não cobrirá os custos. É assim que trabalham e são remunerados os Hospitais Filantrópicos Brasil afora. Mantém portas abertas para as Urgências Médicas dos Municípios sem receber os subsídios necessários para a manutenção da estrutura.

Após transferência do presidenciável para o Hospital paulista Albert Einstein, no grupo de WhatsApp da minha Escola, Santa Casa de Vitória, fiz a pergunta, após saber o valor que receberia o cirurgião e o hospital mineiro, perguntei: "Quem vai pagar a conta do Einstein?" Uma pergunta óbvia. Os colegas médicos deveriam ser os mais interessados em saber como funciona o sistema de remuneração dos serviços médicos do Legislativo, Executivo e Judiciário, principalmente os de Brasília. Pois, o serviço diferenciado (Einstein, Sírio Libanês...), são de elevado valor. A pergunta (verdade: uma leve provocação), deveria ser uma reflexão, caiu como uma bomba. Tipo: agressão. Resposta imediata, e de forma agressiva: o mesmo que pagou as contas dos últimos presidentes de esquerda. Isto é, não houve preocupação quanto à fonte pagadora, ou transparência na remuneração dos serviços prestados. A pergunta soou como contrária ao presidenciável.

A reflexão a ser feita deveria ser, a forma injusta que são tratados os Hospitais Filantrópicos do nosso país (Santas Casas, Evangélicos...). São responsáveis por grande parte da urgência dos municípios brasileiros, seguem salvando vidas e a beira de fechar suas portas. A transferência da Santa Casa de Juiz de Fora para o Einstein mostra a inversão de valores e como hospitais do SUS são pouco valorizados pelos nossos governantes. Lembro que anos atrás o hospital de referência para governantes e políticos era o Hospital Servidor Público do Rio de Janeiro. Mas, o SUS provou seu valor em Juiz de Fora. Outro exemplo, em Cachoeiro. Quando o cardiologista, Luiz Bento Coelho, necessitou operar o coração, ele poderia ter realizado a cirurgia em São Paulo, tinha uma fonte pagadora - Unimed Sul Capixaba, optou pelo HECI. Sua cirurgia foi um sucesso.

 

Sergio Damião Sant'Anna Moraes

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Sergio Damião Médico e cronista

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