Sobre aprender que, algumas coisas, simplesmente acontecem - Jornal Fato
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Sobre aprender que, algumas coisas, simplesmente acontecem

Dimas é um cachorro convivendo em um apartamento tentando aprender conosco, seres humanos, alguma coisa


- Foto Reprodução/Instagram

Em 2021 Dimas chegou em nossas vidas, um buldogue inglês super carismático, engraçado e muito atrapalhado. Já perdi as contas do tanto de coisas que ele destruiu em casa. Paredes, calçados, armários, bonés, plantas e mais uma infinidade de itens, dos mais simples ao mais inusitado. Mas é assim que é. Ele é um cachorro convivendo em um apartamento tentando aprender conosco, seres humanos, alguma coisa. Logo nós que transformamos o planeta nisso que está aí. Mas o que eu quero dizer é que não adianta eu ficar lamentando o Dimas depredou. Tá feito. Algumas passagens viraram histórias engraçadas. Outras geraram aquele momento de desespero mesmo. Mas passa. E ele continua aqui, dono de todo o espaço e dos nossos corações. Causando menos danos a cada dia que vai ficando mais velho.

E isso me faz lembrar dos pratos que eu gosto e que estão com um trincadinho na borda, talvez pela forma que eu coloco no escorredor de pratos. E também da mancha de vinho que não consigo tirar do sofá, de uma calça que eu gostava muito e um dia rasgou quando vesti, de um celular que me foi furtado e que tinha fotos de uma viagem incrível que não consegui recuperar. Lembro dos sapatos de salto que, de tanto não usar, esfarelaram, de uma sombrinha linda que esqueci certa vez em um ônibus e de um dia que deixei de ir a uma festa porque o fecho do vestido estragou na hora de sair.

As coisas simplesmente acontecem, e, em muitos casos, não há nada a fazer. Já dizia a minha avó que, o que não tem remédio, remediado está. E agora que o leite já derramou no fogão, que o arroz já queimou e que já perdemos o ônibus? A vontade é sim de sentar e chorar, ainda mais no final do ano, onde tudo tem um peso maior. Ainda mais que mercúrio está retrógrado. Ainda mais que estamos todos cansados, que estamos vivendo tempos de ondas de calor severo e que as compras feitas pela internet estão demorando a chegar. É assim. Uma mistura de exaustão com a sensação de não aguentar mais um dia. Mas a gente aguenta porque precisa, quer e porque qualquer dia desses vamos para em uma festa e dançar até dar bolhas nos pés. E no dia depois da festa vamos acordar com os pés doendo e o coração feliz.

Porque é aí que mora o segredo. Para muitas coisas, não há o que fazer. Para outras, muita luta e esforço. E ainda tem aquelas em que basta um pouquinho de paciência. Entender isso é uma das vantagens que o tempo de vida traz. E sabe o que é ainda melhor ter aprendido? A vida se renova, independente de qualquer coisa. Logo chegará um dia novinho, faça chuva ou fala sol. Hoje estamos esgotados. Mas, amanhã ou depois, um novo tempo é ainda a garantia que temos.


Paula Garruth Colunista

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