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Historiadores apontam que cerca de seis milhões de judeus foram exterminados nos campos de concentração nazista


Historiadores apontam que cerca de seis milhões de judeus foram exterminados nos campos de concentração nazista. Outros 11 milhões de não judeus, alemães inclusive e na sua maioria, foram mortos por serem considerados seres inferiores. Tudo encoberto pela propaganda comandada pelo Ministro nazista da Propaganda Joseph Goebbels, que incentivava o arianismo a partir da exploração de imagens sedutoras de um povo feliz.

Então gays, sindicalistas, comunistas, testemunhas de Jeová, padres, ciganos, anarquistas, poloneses e outros povos eslavos, além de portadores de deficiências físicas ou mentais não considerados arianos foram assassinados. Os hospícios foram transformados em centros de extermínio.  

Sob o pretexto de transferir os doentes para lugares mais adequados, os nazistas os usavam ônibus com as janelas pintadas, para que que os pacientes não fossem vistos por ninguém, e três cartas eram enviadas às famílias. Uma dizendo que o paciente fora transferido, outra que estava muito bem e a última comunicando a morte inesperada, causada por um problema fictício qualquer. Atestados de óbitos falsos eram emitidos.

Na verdade, todos foram levados para as primeiras câmaras de gás e para crematórios, dentro do propósito ariano da sobrevivência apenas da raça pura e superior.  A quem nunca assistiu, recomendo o documentário A Arquitetura da Destruição, que conta com riqueza de detalhes essa história tenebrosa e lamentável. Penso nesse documentário à medida em que caminhamos para mais uma eleição, em que alguns candidatos apresentam suas ideias salvadoras ao "povo ariano" brasileiro, pregando o extermínio de uma parcela que não merece viver, por ser impura e indigna: os gays, os negros, as prostitutas, e os pobres.

Mas quais critérios serão usados para exterminar, sob as bênçãos do Estado, os brasileiros considerados impuros? Haverá o mesmo peso e a mesma medida para todos os crimes? Ou continuaremos a nos deparar com notícias como a recentemente divulgada, em que um homem, preso por três dias em 2002, acusado de roubar uma sacola de peixes, e liberado, sendo preso 16 anos depois pelo mesmo crime, porque foi considerado foragido da Justiça?

Com o que se tem visto, certamente serão usados pesos e medidas diferentes. "Aos amigos, as benesses, aos inimigos os rigores da lei". Em relação à eleição, mais uma vez nos deparamos com o uso indiscriminado do nome de Deus. Em defesa da moral, dos bons costumes e das famílias. Seria tão bom se isso fosse mais que um discurso hipócrita e oportunista.

Os Ministros da Propaganda de Hitler estão espalhados por aí, fortalecidos pelas redes sociais, onde nem tudo é o que parece. Grande propaganda enganosa, que viraliza, para o bem e para o mal. Como diria o filósofo Umberto Eco, "as redes sociais deram direito à palavra a uma legião de imbecis, que antes se manifestavam nos bares, após uma taça de vinho, sem prejudicar a coletividade". A arquitetura de destruição paira entre nós, travestida de democracia. Que venham as eleições. E que Deus nos ajude.


Anete Lacerda Jornalista

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