Renovar é preciso - Jornal Fato
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Renovar é preciso


Estamos assistindo, nos meios de comunicação, jornais e revistas, uma profusão de novos autores surgindo a cada dia. Novos escritores são sempre bem-vindos. Quem escreve, em geral, gosta de ler e se comunicar e a prática da escrita é o melhor caminho para evoluir. Não julgo a capacidade dos novos, apenas acolho carinhosamente, inclusive nem me considero uma intelectual, seria muita pretensão, sou apenas uma cronista de sensibilidade aguçada e corajosa o bastante para externar e divulgar os meus pensamentos. Leio os novos autores e imagino as primeiras crônicas de Rubem Braga e o quanto ele se aprimorou ao longo da vida.

 Hoje respondo pela Presidência da Academia Cachoeirense de Letras. Há alguns anos ocupo uma cadeira na Academia e causava-me angústia uma entidade de tal envergadura, com quarenta membros efetivos, sendo esvaziada a cada ano - por problemas naturais da idade, transferência de cidade ou até desinteresse de alguns acadêmicos.  Assumi a presidência decidida a realizar mudanças inadiáveis, tais como uma alteração nos Estatuto e Regimento da Academia. Para tanto muito contribuiu o acadêmico e advogado David Alberto Lóss - transformando a cláusula pétrea de imortalidade dos acadêmicos em cláusula relativa, bastando que o imortal se manifeste pelo próprio afastamento, passando a pertencer a uma nova categoria de acadêmico.  Pelas regras anteriores só se abriam vagas em caso de morte. Naturalmente que se respeita aqueles que se encontram doentes ou que mesmo distantes acompanham e se manifestam em relação ao que acontece na Academia. Por conta da possibilidade de se manter como membro, sem a obrigatoriedade de frequentar as reuniões e sessões solenes, alguns mostraram interesse em se afastar. E foram abertas quatro vagas no primeiro semestre, mais quatro vagas no segundo semestre e já temos mais quatro vagas em aberto para o próximo ano.  

Estamos vivendo novos tempos na Academia de Letras, as cadeiras estão sendo ocupadas por intelectuais, escritores, poetas e pessoas envolvidas com a cultura da nossa terra. Renovar é preciso, sempre, e a Academia já respira o ar de esperança, idêntica ao que motivou o grupo de jovens que em 1962 fundou a Academia Cachoeirense de Letras - gente idealista e repleta de garra, gente sonhadora, como apraz a quem se dedica a arte e a cultura.

 

Marilene De Batista Depes


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