Que país é esse? - Jornal Fato
Artigos

Que país é esse?


Corrupção, desemprego, saúde precária, drogas, violência, impunidade, lentidão do judiciário, altas taxas de impostos sem o repasse mínimo dos direitos essenciais à dignidade humana,... Que país é esse? Bem vindo ao Brasil.

Mas também é o Brasil do carnaval, da alegria, das belas mulheres, do clima tropical, do carisma sem igual, da música e da comida para todos os gostos,...

Essa dualidade entre o belo e o experimentado no cotidiano do povo brasileiro, por vezes, nos remete à política do pão e circo, como ficou conhecido o modo como os romanoslidavam com a população em geral para mantê-la, embora oprimida, fiel à ordem estabelecida.

Registra-se que a nomenclatura dada a essa "política" teve origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (vivo por volta do ano 100 d.C.). Contudo, embora faça parte de um momento histórico e de um território distante, parece que, nos dias de hoje (ano 2018),conseguimos enxergar no Brasil um pouco dessa tal "política de pão e circo".

Prova disso é que, para todo lado que se analise a situação do Brasil, ecoam gritos de insatisfação. Gritos que, diferente da época da expansão do Império Romano, não se limitam aos pobres e desfavorecidos, mas, ao povo brasileiro em sua essência e diversificação.

Diferentes profissionais falam - ou pensam - em sair do país; almejam buscar um renovo em algum lugar, mesmo que diverso da pátria, um dia, amada, Brasil.

Mas, de onde surgem as precariedades lançadas na sociedade brasileira atual? Como explicar o contexto contemporâneo? A história ensina que o Brasil começou sua biografia com a exploração desmedida do povo que lhe "descobriu". A escória portuguesa era despejada por aqui para desbravar o novo mundo, mas será que isso influenciou ou determinou a realidade atual? Essa análise daria mais que um texto, mais que uma tese e não traria uma única explicação.

O fato é que vários outros estudos tentaram elucidar as razões da falência econômica e moral que assolam o país. Contudo, inexiste uma explicação isolada. O que há, por vezes, não se quer enxergar, afinal, muita coisa poderia mudar se a população parasse para refletir sobre o poder político que tem - ou deveria ter - em suas mãos, mas isso dá trabalho, pois impõe o movimento de sair da zona de conforto.Se não bastasse, cansada e desiludida, sobressai na sociedade um gritante desinteresse político. Cega, grande parte da população brasileira ainda acredita que se abster de votar e calar-se quando se debate política, especialmente, a pública, é a melhor solução. Grande equívoco!

Enquanto nós - povo - permanecermos inertes, fechados em nossos mundos críticos, mas acomodados, continuaremos a receber uma contrapartida estatal falida; continuará sendo esfregada em nossa cara a podre corrupção e permaneceremos insatisfeitos, sangrando de carências diversas, mas, deixando a dor em casa algumas vezes por ano. Isso é óbvio! Em alguns momentos, brasileiro não pode chorar, afinal: é carnaval, é show tal, é dia de cerveja e churrasco! É a prolongação atemporal e extraterritorial da política de pão e circo.

Talvez um dia, quem sabe, o povo sofrido, mas alegre, se canse de rir de vez em quando; levante as mangas da camisa e, avante, perceba o poder que tem, especialmente, nas eleições, de eliminar os maus políticos, de manter os bons e de começar a tomar as rédeas do país. Ora, já bastam as dores de cada dia. Enquanto povo, no mínimo, é preciso estar de cabeça erguida, sentindo,na vida e no bolso, que os excessivos impostos pagos retornam em forma de contraprestação estatal: saúde, educação, lazer, transporte,..., devolvendo a dignidade humana perdida em alguns dos circos do Brasil, especialmente, os alocados em Brasília, sua capital.

                 

Katiuscia Oliveira de Souza Marins

Graduada em Letras, Pós Graduada - Português e Literatura

Advogada, Pós Graduada em Processo Civile articulista desse jornal às terças-feiras


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

Comentários