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O leitinho e a notícia

Há já alguns anos que o FATO decidiu preservar nome de pessoas e instituições acusadas de malfeitos cujas responsabilidades não restaram cabalmente comprovadas


Foto ilustrativa

O valor que não tem por fundamento a prudência chama-se temeridade, e as façanhas dos temerários devem atribuir-se mais à sorte do que à coragem.

Miguel de Cervantes

Há já alguns anos que o FATO decidiu preservar nome de pessoas e instituições acusadas de malfeitos cujas responsabilidades não restaram cabalmente comprovadas.

Tal postura, por vezes, causa, principalmente nas redes sociais, reações adversas e críticas, como se o cuidado para não manchar irremediavelmente a reputação de alguém representasse o acobertamento dos malfeitores.

Definitivamente, não é isso.

A lida jornalística, com frequência, impõe decisões difíceis para quem busca equilibrar a missão de informar e a responsabilidade de não cometer linchamentos públicos. Prudência que não nos exime de erros, mas os minimiza.

Não é do interesse do veículo deixar de fornecer a seu púbico os dados de que dispõe. Mas, também, não é razoável causar prejuízos incomensuráveis no afã de tudo revelar, sem antes apurar devidamente.

É o tipo de atitude que separa veículos de comunicação de credibilidade da enxurrada de Fake News diária.

Nem sempre é fácil, mesmo aos jornalistas, resistir à avidez por notícias instantâneas característica da internet. Mas, a pressa potencializa os erros.

Caso ocorrido ontem ilustra bem o dilema.

Um garoto, de 7 anos, foi parar na UTI após ingerir bebida láctea em embalagem longa vida. Segundo o pai, passou mal assim que pôs o produto na boca. A família afirma que o alimento lhe causou queimaduras severas, por algum elemento corrosivo.

Por outro lado, a indústria alega manter controle rigoroso do processo de produção. Além de que, o produto está há anos no mercado, sem incidentes do tipo. De fato, nunca houve caso semelhante. E nem há outros agora, apesar da suspeita levantada e que um lote poderia estar contaminado.

O caso é notícia de relevância. Não à toa a manchete da edição impressa de hoje. Mas, a apuração não comprovou que o leitinho estava contaminado. Outras possíveis causas como alergia da vítima foram levantadas. A certeza só virá com os testes de laboratório a serem realizados.

O que o jornal deveria fazer neste caso?

Decidimos informar sobre a situação, sem, no entanto, dar o nome da empresa fabricante da bebida láctea, por considerar o enorme prejuízo comercial que poderia causar para a marca, caso se comprove que a acusação não procede, e por não ver ônus maior à família com a omissão ou mesmo aos demais consumidores, visto que nenhum órgão de controle e fiscalização manifestou tal preocupação.

A apuração continua. E, caso os testes confirmem a culpa da fábrica, ela será devidamente identificada pelo FATO, e deverá arcar com suas responsabilidades, inclusive judiciais, que os familiares certamente cobrarão.

Mas, se, por outro lado, as causas forem outras, que não de reponsabilidade da empresa, não teremos contribuído para denegri-la, nestes dias de pós-verdade, em que o açodamento, não raro, provoca injustiças, ainda que involuntárias.

A decisão editorial foi apenas para a manutenção do equilíbrio e da responsabilidade com a informação. Nada mais do que a nossa obrigação.

 

DESTAQUE. Feliz da vida, com seus 15 anos recém-completados, Amanda Moura tem na música seu hobby, que compartilha com quem a acompanha no YouTube ou nos concursos de que participa. Sua bela voz encanta

 

Sobe

Casagrande

O ex-governador Renato Casagrande (PSB) continua liderando com folga as pesquisas eleitorais que apontam a grande possibilidade de vitória no primeiro turno. Cenário bem diferente do que se formou na disputa pelo Senado.

 

Desce

Campanha

Tem candidato que acredita que desfilar sobre trio elétrico acenando e atrapalhando o trânsito ou mostrar dezenas de cabos eleitorais empunhando bandeiras e distribuindo panfletos seja o suficiente para vencer as eleições. Estrutura, sem conteúdo, é pouco.

 

Mas, hein?!

O que tem de candidato já com mandato, mas sem resultado, querendo se passar por renovação é uma grandeza.

 

Vias de FATO

Têm razão os que defendem a necessidade do voto sul, para eleger mais candidatos da região de modo a atrelar seu fortalecimento político retomada do desenvolvimento econômico. 

O que falta a esses é tenacidade e coerência. O discurso soa oportunista afinal, só é relembrado em anos de eleições gerais, quando votar localmente os beneficia diretamente. 

Sem contar que muita gente agora ergue a bandeira pelo voto sul, mas já pediu votos, antes ou casa campanha, nesta, com políticos de outra região do Espirito Santo. 

Por fim, mesmo com bancada menor do que poderia ser, ninguém se lembra de nenhuma ação coordenada dos políticos regionais. É sempre cada um por si. E salve-se quem puder. 

O governador Paulo Hartung cumpre agenda digna e mandatário em pré-campanha, embora não o seja. Viaja o Estado inteiro inaugurando obras ou dando ordens de serviço.


Wagner Santos Diretor e editor Jornalista

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