Mãe - Jornal Fato
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Mãe


A palavra MÃE ecoa em nossos ouvidos como o mais belo e, contraditoriamente, o mais ríspido dos sons. Não há boca nessa vida que nunca tenha repetido, e por muitas vezes, esse som. Não há equívoco na afirmação de que, para muitos de nós, o primeiro balbuciar emitido trouxe em si a doce melodia mã, mamã, mamãe...

Inspiração para tantos versos, poesias, crônicas, textos em suas várias formas e incontáveis vertentes. Não pode ser diferente: quem de nós teria nascido e sobrevivido se não fosse o SIM que um dia uma mulher especial nos deu: o sim para os enjoos, para o peso extra, para a renúncia da vaidade, para a mudança hormonal e, principalmente, o SIM para uma experiência de amor que a nenhuma outra se compara. Uma vez mãe, já não sabemos caminhar sozinhas; uma vez filhos, já não sabemos como viver sem mãe.

Genética ou de coração, todo mundo tem uma; todos pronunciamos, especialmente na infância, esse som quando a dor nos alcança. Primeiro pensamento após um ralado, após um machucado, após uma dor, após uma rejeição. O choro já saía num único coro com a palavra mããeee.Quando os sustos da vida nos alcança e precisamos de colo, é nos braços dessa mulher que buscamos aconchego e, quando crescemos um pouco mais, mesmo percebendo que ela não é perfeita, que também tem medos e que já não tem o vigor de outrora, continuamos a amá-la, pois vemos que muito de seu vigor se perdeu nos cuidados para conosco.

Mesmo frágil, ainda nos olha com ternura e tem força para nos despender cuidados. Os ossos mais frágeis pelo cálcio que dela sugamos, os fios de cabelos esbranquiçados pelas noites mal dormidas, pelaseternas preocupações conosco e, após o tempo, preocupações com os nossos filhos. Porque mãe não é apenas do filho, mas tambémdos netos, dos genros/noras, filhos de coração.

Nem toda mãe sabe expressar o amor: tem mãe brava, tem mãe estressada, tem mãe dramática, algumas mães são sensíveis e, quase que, se tornam filhas dos filhos, algunsrequerem mais cuidado e atenção, outras se mascaram de força e solidão. Porém, toda mãe sente no peito o desejo de que seus filhos sejam felizes, errando ou acertando, anseia que as proles se tornem melhores que elaconsegue ser e, sabendo demonstrar ou não, toda mãe deseja que seus filhos nunca a deixem de amar. Afinal, a maternidade transforma vidas, flexibiliza temperamentos e, mesmo no caos, não coexiste sem o amor.

Mãe de filho criança revela-se na total dedicação e na renúncia de sua vida; mãe de adolescente, por vezes, bate de frente, embranquece os cabelos, preocupa-se, fica mais brava, mas ama como nunca; mãe de adulto ainda não sei, mas vejo, pelos olhos de minha amada mãe, que a preocupação se multiplica, pois já não são apenas os filhos, mas os filhos dos filhos, os cônjuges/companheiros dos filhos, e... aja coração para caber tanta preocupação e tanto amor.

Dias esses, discuti com meu filho e fiquei o dia todo chorosa, mãe as vezes parece criança e também precisa de colo. Quando as coisas acalmaram, conversando, ele disse: com mãe não dá para ficar bravo, com pai dá, mas mãe é tão frágil que parece que vai quebrar... Talvez ele não esteja de todo errado, embora não tão certo também: afinal, mãe é forte, supera seus limites, encontra forças onde não sabe ter, mas, por vezes, é frágil, fica com o coração partido e precisa muito de ser amada.

Assim, desejo que todas as mães, genéticas e de alma, não sejam felizes no dia das mães, mas que sejam felizes todos os dias e que nunca lhes falte amor. Afinal, não há sentimento melhor para definir essa mulher que o amor. Logo, um feliz todos os dias cheio de amor a todas as mamães, especialmente à Anair, minha mãe, e àUyara, minha sogra...

 


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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