Lula olhando pro seu umbigo... - Jornal Fato
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Lula olhando pro seu umbigo...

O candidato se encantou por si próprio e deixou de ser o Lula de ontem, quando ganhava eleições.


- Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A vitória de Lula soou como uma derrota para seus eleitores que esperavam comemorar uma vitória no primeiro turno. Senão no primeiro turno, pelo menos com uma margem bem maior de votos. As pesquisas apontavam isso. Falharam e as explicações não convenceram ainda. Pensando no amanhã próximo, claro que quem se encontra instalado no poder pode fazer milagres, do dia para noite.  Mas não é só isso.  Lula se encantou por si próprio e deixou de ser o Lula de ontem, quando ganhava eleições. Um narcisismo que afetou todo mundo de sua campanha.

Por outro lado, há no país um vento forte que conseguiu cristalizar posição conservadora e reacionária no eleitor, principalmente de classe média para cima.  No debate intelectual e público atual ocorre, no registro político no Brasil e outros países, uma tentativa estabelecer crise de suas instituições democráticas com a ascensão e presença dos governos de direita - e as novas modalidades que empreendem na gestão do Estado e de instâncias da sociedade civil. Isso demanda profundas reflexões.  Collor pode ser um parâmetro para tal.  

Como a candidatura de Lula andou de salto alto, ao contrário de seu opositor, os assessores de Bolsonaro, identificando que era fácil transitar entre os direitistas, forjaram seu discurso de forma objetiva e direta. Lula demorou muito a buscar frentes de apoio à sua candidatura.  Um exemplo claro: o ex-ministro Joaquim Barbosa apareceu nos últimos dias e era e é uma poderosa vacina contra as denúncias de corrupção contra o governo do PT. Afinal, como dizia o velho líder gaúcho Brizola, "divididos, seremos sempre degraus para a direita subir".  Lula de hoje deveria aprender com o Lula de ontem.

Uma outra coisa curiosa é que os bolsonaristas ficaram um pouco decepcionados com a vitória de Lula no primeiro turno. Uma espécie de supremacia de sua própria formação direitista. Mas, a grande pergunta é o bolsonarismo veio para ficar. Será só uma onda que tomou conta do país. Se vencer a eleição, teremos a mesma conduta na administração. Lula vai ter que ralar muito, principalmente em Minas Gerais e São Paulo, para deixar definido seu programa de governo que ainda é meio confuso. O Congresso eleito pode dar muito trabalho agora, em plena campanha de segundo turno, com a nova composição, mas, depois, o Centrão acerta os ponteiros, como sói acontecer. No momento, sobre o futuro da eleição, só prognósticos. Grande parte da população gosta do jeito Bolsonaro de ser. Terremos uma outra eleição no segundo turno?

Juro que ia comentar o resultado em Cachoeiro e no estado. Mas o Wagner Santos já deu uma aula na edição de 4/10. Mas vou refletir melhor e conto na próxima.


Wilson Marcio Depes Advogado Escritor e jornalista

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