Imposto de Renda - Jornal Fato
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Imposto de Renda


O mês de março está aí, o carnaval já foi embora, o verão preguiçosamente segue esse mesmo caminho e a rotina anual começa a engrenar, finalmente. Crianças indo - ou sendo levadas quase à força - para a escola de manhã cedo ou à tarde e as 24 horas do dia parecem ser apenas 12. E as contas começam a chegar para nós, cidadãos que carregamos este país nas costas: IPTU, IPVA, declaração de ajuste anual do imposto de renda. Esta última, imensa fonte de preocupação e de dores de cabeça e estomacais para boa parte dos brasileiros. Aborrece inclusive a este que vos escreve.

Todo ano é a mesma coisa: procurar e juntar os recibos das despesas que podem ser utilizados para reduzir a mordida do leão. Imprimir os comprovantes de rendimentos. Baixar o programa da Receita Federal. Preencher os campos da declaração de ajuste, conferir as informações, salvar e enviar. E rezar para não haver inconsistência alguma e não cair na malha fina. Ou pagar a algum contador de confiança para fazer o serviço para você e torcer do mesmo jeito para que dê tudo certo.

Li que este ano deverão se informados placa e número do RENAVAM do veículo automotor e o registro completo dos imóveis que a pessoa porventura possua. Aliás, neste ano o preenchimento é facultativo, sendo obrigatório somente a partir de 2019. Além disso, dependentes menores a partir de 8 anos de idade já deverão ter o número do CPF informado; informação também obrigatória a partir do ano que vem.

Trabalho no mercado financeiro e concordo plenamente que o monitoramento da movimentação de somas elevadas seja necessário. Pode-se prevenir e combater dessa maneira a lavagem de dinheiro e o financiamento de diversos tipos de crimes, inclusive o de terrorismo. Contudo a linha que separa o direito do Estado de exercer sua função policial e o desrespeito à privacidade do cidadão vem se tornando muito tênue nos últimos anos. Fico pensando se daqui a algum tempo não pedirão também que informemos o número do sapato que calçamos, ou da camisa que vestimos.

Já mencionei aqui anteriormente e torno a dizer: eu não me importaria em pagar o que pago em tributos - diretos e indiretos - ou até mesmo mais, se recebesse o justo retorno do Estado brasileiro. Porém, nosso estado é presente e pontual apenas nos momentos de taxar os cidadãos. Nos momentos em que tem que nos entregar as contrapartidas, que são saúde e educação públicas de qualidade e segurança pública, no mínimo, direitos estes garantidos na Constituição Federal, há um vazio enorme. Há uma ausência marcante das três esferas da administração pública: federal, estadual e municipal.

Os principais impostos que nos oprimem hoje são IRPF (muitas vezes descontado na fonte), IPTU, ISSQN, ICMS, IPVA, IOF, IPI e cerca de mais 90 outros tributos menos conhecidos. Há, ainda, um agravante pernicioso: os impostos indiretos - aqueles que pagamos sem sentir, pois já estão embutidos nos preços das coisas que compramos - proporcionalmente pesam mais no bolso de quem ganha menos. Nessa época do ano sinto-me, mais do que nunca, oprimido pelo Estado e seus representantes. Resta somente repetir aqui uma postagem comum nas mídias eletrônicas: imposto de renda, eu te odeio! Pronto, fiz minha declaração.


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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