Envelhecer é obrigatório
Envelhecer é, de fato, um hábito natural, do grande ciclo da vida. Estava matutando sobre isso, enquanto me debatia com meus próprios pensamentos. É um tempo em que certos viços se esmaecem, para dar lugar a outros viços, mais coruscantes. As aulas que tivemos, no curso que parecia infinito, dos anos, começam a fazer sentido e, aí, sem ter, claramente, esta percepção, passamos a substituir os hábitos e costumes de outrora, por evolução. Os mares, antes tempestuosos, serenam-se. Dorme-se menos, mas melhor. E quando o dia boceja, lá pelas cinco da manhã, apresso-me para ouvir o canto dos pássaros, prenunciando os albores. É quando desabrocha o dia para mim. Antes, jamais reparava no canto matutino e na refinada algazarra dos pássaros. Brincava, então, com minhas cogitações, sobre envelhecer, por várias égides, menos cronológica, à partir de todas essas metamorfoses emocionais. O sono quase me abraçava, mais uma vez, e recordei-me de um clichê bem alusivo aos meus pensamentos: "envelhecer é obrigatório. Crescer é facultativo". Adormeci.
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Acabei de nascer...aos poucos.
Logo morro, será meu fim
Como todos outros acabam nascendo
E lentamente também vão morrendo.
O nascimento, esse evento trazendo o rebento ao mundo.
Traz, igualmente, a semente do dia, desavisado, quando tudo estará terminado.
Então vive poeta
Perfila tua bandeira inteira
Deixa que tremule nas ruas, para cada pessoa viva.
Mas avisa a todos: não estou louco moços!! Vivam!!
Vivam e bendigam cada jornada dessa longa estrada
Arremessando os conceitos vazios ao limbo
Todos, todos eles.
E, então, tonto, grita poeta, eu grito contigo, que é falsa a impressão de que tanta festa acaba
A festa se perpetua, tal água nua, a infiltrar a geometria do seu curso líquido, indo reto ao infinito.