É tempo - Resiliência - Jornal Fato
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É tempo - Resiliência

Saí de casa na correia de todos os dias, não consigo manter a pontualidade...


Saí de casa na correia de todos os dias, não consigo manter a pontualidade, são muitas coisas a fazer e que pedem demasiadamente dedicação do meu tempo, no entanto mesmo na correria não deixei de comprar meu café e o jornal do dia a dia. Folheei, e parei para ler um artigo enquanto caminhava ao trabalho, ele havia me chamado a atenção.

"É tempo de acreditar.

É tempo de sonhar.

É tempo de ser livre.

É tempo de viver.

É tempo de resiliência.

É tempo de perceber que o mundo precisa de você. Eu não disse as pessoas, não confunda.

Mas sim, algumas precisarão de você e às vezes o que poderá dar, será simplesmente um sorriso e nada mais. Por vezes algumas delas te cansarão tão profundamente que o que restará, será somente um silêncio, porque sem querer ele fala por mil línguas.

Esse texto está parecendo sem sentido né, talvez ele seja mesmo, nada que algumas palavras, um objetivo e organizações estruturais da língua não comandem o significado até chegarem a vocês.

A escrita proporcionou isso, esse livre arbítrio de ser o que quiser e de falar o que acreditar, estando vivo, mesmo que a sociedade vagamente "tente" podar a todos. A mesmice de hoje não será o retalhamento de amanhã, porque cada um pensa da sua forma, e isso não implica em certo ou errado, pois não estamos em guerra para ter um vencedor, mas sim há pontos de vistas diversos que merecem atenção, ou ora e outra ganham destaque merecido.

Estamos em um campo de batalha cerrado em que mais de dois times entra em campo, cada pessoa é um time, alguns trazem consigo seus aliados, outros fingem ser aliados por medo, outros encaram tudo sem pensar, já outros batalham sós, e no final não teve um ganhador, não há ganhador.

É tempo de ser o que todos querem.

É tempo de ser o que você não quer.

É tempo de se trair.

É tanta hipocrisia que o nulo vira verdadeiro e regra a ser cumprida.

Incrível como passamos a vida inteira tentando entender como "a vida" deve ser vivida, como devemos encarar nossas escolhas e reações, e no final perdemos muito tempo nos preocupando com coisas supérfluas.  Ao se cerrar esse tempo, queremos dar um "play" e pronto, voltar ao início com uma nova chance, uma nova vida e a possibilidade de fazer tudo novamente de um jeito diferente. Porém, faremos tudo do mesmo jeito, sem alterações, porque ao apertar o botão de retornar, nossa áurea será a mesma dos 20 anos anteriores e não dos 70 de agora. A maturidade muda as pessoas ou a vida te muda. Permita-se."  

Acabei de ler a coluna do jornal prazerosamente e angustiadamente, permitir-se não é fácil, e ninguém disse que seria, é uma ação-reflexão de todos os dias, incansavelmente. Tornar-se uma pessoa melhor e aprender com os próprios erros não ajudará o outro, e sim a si mesmo. É como diz o artigo, é tempo de resiliência, é tempo de tentarmos ser o que somos em nossa essência sem priorizar os julgamentos, é saber que mesmo errando propositalmente ou não, terá algo lá na frente que me mostrará "a lição" ou não terá lição, e mesmo assim tudo me completará.  

Chegando ao trabalho deixei o jornal na bancada da empresa onde todos os funcionários passam, peguei minha xícara de café e segui para sala. Antes de entrar alguém me chama, e consigo observar que outras pessoas estão lendo o artigo, sorri, o primeiro passo estava sendo dado.  


Caroline Fardin Araújo Professora de Língua Portuguesa

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