Conexão Mansur: sugestões para o futuro Prefeito - Jornal Fato
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Conexão Mansur: sugestões para o futuro Prefeito

Não tem nada de política nessas minhas recentes manifestações. Têm, simplesmente, lembranças e observações que poderiam ser aproveitadas em favor de Cachoeiro


- Ilustração: Zé Ricardo

Meus leitores devem ter observado que, nestes meses que antecedem a próxima eleição para prefeito de nossa cidade, tenho feito sugestões que poderiam ser aplicadas administrativamente a Cachoeiro. Mas não tem nada de política nessas minhas recentes manifestações. Têm, simplesmente, lembranças e observações que poderiam ser aproveitadas em favor de Cachoeiro e de seu povo, no futuro próximo.

Nada de política e sim coisas a favor de nosso desenvolvimento e de transformar Cachoeiro num centro ainda maior, seja referente à nossa Cultura, ao nosso Turismo e a outras atividades públicas paralelas.

Nesta CONEXÃO que o leitor tem em mãos agora, estou reproduzindo duas crônicas antigas minhas, uma de outubro de 2004 (Conexão nº 09) e a outra de novembro de 2004 (Conexão nº 17). Em ambas, os assuntos são muito atuais ainda, e ainda não solucionados devidamente. Algo pode ter sido alterado nesses últimos 20 anos (estamos em 2024 e na Conexão nº 797), mas preferi não alterar o escrito passado.

Com essas considerações preliminares, peço a meu leitor que faça a sua leitura sobre essas coisas de nossa Capital Secreta, não se esquecendo - repito - que os textos são de quase vinte anos passados e alguma coisa pode ter mudado - pouca coisa, mas quase nada, eu entendo.

 

Administração Nova, Turismo de Verdade

CONEXÃO MANSUR nº 09 de 2004 - O turismo, indústria sem chaminé é, há algum tempo, o grande "hit" mundial. São movimentados bilhões de dólares no mundo. Em Cachoeiro, nada ou quase nada. Anunciando-se à cidade novos tempos, eles deverão ser muito bons para o município. Vamos listar: Casa de Roberto Carlos, Feira Internacional do Mármore e Granito, Fábrica de Pios, Casa dos Braga, Fazenda Cafundó, Burarama, São Vicente, Cachoeira Alta, Pedra da Penha, Frade e a Freira (a vista, ao menos), Itabira, Morro das Andorinhas, quase um milhar de empresas de rochas ornamentais recebendo frequentes visitas de empresários. Há mais, com certeza. Mas vamos, em primeiro lugar, à parte ruim. Esses pontos, ainda que todos juntos, são insuficientes à formação de polo turístico de importância nacional. Não há, por aqui, massa crítica a sustentar presença de milhares de turistas. Não havendo milhares de turistas, nenhum empreendimento turístico se sustenta. Não haverá empreendedor não havendo quantidade de usuários.

Se há parte ruim, há, também, parte boa, melhor, e que depende exclusivamente de solidariedade, aqui significando esquecer fronteiras municipais, trabalhando com o conceito de fronteira regional. É isso: não há turismo cachoeirense, mas haverá turismo regional, se tiverem juízo os próximos prefeitos da região sul.

E relaciono alguns eventos e locais da região. Na montanha: dezenas de hotéis de boa classificação, festas regionais como a da Polenta (Venda Nova), Vinho e Festival de Inverno (Domingos Martins). O clima bom de Vargem Alta, tão próxima. As praias; Castelo com a Gruta do Limoeiro e os tapetes de Corpus Christi: Alegre e seu festival de música e a Cachoeira da Fumaça; Muqui, com o casario antigo e as folias de reis; Marataízes e a Festa das Canoas; Mimoso, com o Festival da Viola e São Pedro de Itabapoana. É só uma relação, de eventos e de locais, bem rápida. Algo mais pesquisado encontrará muitos outros atrativos turísticos e culturais, afora outros que surgiriam, houvesse movimentação turística integrada.

Necessário que alguém junte os pontos do Sul, a fim de que se forme massa crítica que permita visitas de turistas. Se o meu leitor perceber, verificará que todos esses eventos acontecem independentes um do outro, como se fossem organizados a centenas de quilômetros tanto de Cachoeiro, quanto cada um deles, independentemente.

Esse inventário que fiz, de Cachoeiro e do Sul do Espírito Santo, indica nossas boas possibilidades, e as possibilidades se multiplicarão se houver aproximação e interesse das novas administrações públicas da região, o que hoje não acontece. Espera-se que esse maior interesse seja incorporado pelas futuras administrações públicas municipais do Sul, que deveriam perder bairrismo e orgulho besta, em favor de trabalho de maior alcance. E, nesse momento, certamente nossa importância como município fará com que a futura administração de Cachoeiro se sobressaia como liderança regional, mas sempre em favor de todos os municípios. É o que espero da próxima administração municipal de Cachoeiro de Itapemirim.

 

O Bonde da Cultura

CONEXÃO MANSUR nº 17 de 2004 - Um dos grandes males da cidade (todas as cidades) é que o cidadão que a habita não a conhece. E quando não conhece a cidade - já repetimos por diversas vezes - o cidadão não tem condições de gostar dela e muito menos de promovê-la. Ao contrário, não a conhecendo e vendo, dentro de casa, através de jornais, revistas e, principalmente, pela televisão, os sucessos divulgados de outras cidades, acaba ele por menosprezar a própria cidade (por que não a conhece) e tende a louvar a cidade dos outros (no que, muitas das vezes, é só ilusão).

Tinha Cachoeiro de Itapemirim, até a pouco, um ônibus doado pela Viação Flecha Branca à Secretaria Municipal de Cultura, cujo objetivo era mostrar a cidade aos cachoeirenses, principalmente a estudantes das escolas públicas e privadas de segundo grau. Pretendia-se, à frente, colocar mais um ou outro ônibus, para conduzir outros segmentos da sociedade, levando-os aos pontos mais importantes do município, quer no aspecto cultural, histórico ou econômico-social. O ônibus levou a criançada, por mais de um ano, à Casa dos Braga, à Casa de Roberto Carlos, à Ilha da Luz (e Fábrica de Pios), ao Bernardino Monteiro e ao Teatro Rubem Braga, entre outros visitados e mais alguns pontos que gostaríamos de levar.

Infelizmente, e eu não sei o porquê, de repente, sem alarde e sem mínima reclamação (já disseram que Cachoeiro é a terra dos calados) o ônibus saiu de circulação, deixando órfã mais uma boa iniciativa em favor da cidade, a de fazer com que os cachoeirenses passassem a conhecer o local onde moram, principalmente os pontos mais importantes. Sob o aspecto pessoal, registro meu descontentamento com a retirada do "bonde", porque a iniciativa (que foi minha, ajudada por Luciá Sampaio) não deveria ter sido paralisada, por óbvias razões.

Devo dizer, a bem da verdade e do registro histórico, que essa tímida tentativa - de levar o cidadão à cidade - surgiu de minhas leituras sobre a experiência de governo municipal de Ribeirão Preto, na administração Antonio Palocci Filho, em meados da década passada. O trecho em que me inspirei, do livro do Dr. Palocci, atual Ministro do governo Lula, é este: "Também merece destaque um programa simples de turismo local, criado para estimular os moradores a redescobrir sua cidade com base em seus pontos turísticos e culturais. O passeio é realizado em um ônibus da empresa municipal e é acompanhado por monitores da Secretaria Municipal de Cultura. Como boa parte da população ainda não conhece todos esses locais, o programa tem obtido ótimos resultados".

Lá, como cá, a situação é a mesma. Definitivamente a maioria dos cidadãos não conhece o lugar onde mora (por exemplo, o leitor que me lê, agora, já foi à Casa de Roberto Carlos, ou à Fábrica de Pios Maurílio Coelho?).

Daí que, melhor preparado, faço sugestão ao novo Prefeito Municipal, para que, dando feições mais largas ao projeto iniciado por aqui, faça, outra vez, por meio de visitações, o reencontro da cidade e de seus moradores, comprometendo-se, assim, e cada vez mais, com eles e com a nossa cultura, história e economia.

 


Redação FATO Equipe do Portal Grupo de Comunicação

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