Conexão Mansur: Proposta para o futuro Prefeito (4) - Jornal Fato
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Conexão Mansur: Proposta para o futuro Prefeito (4)

Sigo dando sugestões ao futuro mandatário municipal.


- Ilustração: Zé Ricardo

(Na Conexão Mansur 298, do início de janeiro de 2014, portanto a 9 anos passados, publiquei o texto abaixo, que correspondia a uma proposta para o prefeito da ocasião - 2014. É justo o que ando fazendo, agora, nesta página, em termos de proposta ao Executivo Municipal. Segue o texto passado, com as devidas atualizações a 2023).

"110 Anos de Rubem Braga - Em 12 de janeiro próximo, comemoram-se os 110 anos de nascimento de Rubem Braga.

Bienal Rubem Braga - quanto à Bienal Rubem Braga, está "tudo como dantes no Quartel de Abrantes". Passados dois anos da última Bienal, pouco ou quase nada se fez nesse longo período, no sentido daquilo que queria fazer o quase curador da Bienal de 2008, o falecido Marco Antonio de Carvalho, conforme relatei em entrevista à revista Cachoeiro Cult, de agosto de 2007, que transcrevo:

- "... a proposta inicial do Marco Antonio é muito boa. Primeiro a cidade precisa voltar-se para Rubem Braga e para a crônica, fazendo seminários com professores e fazendo com que estes reproduzam a experiência com os estudantes. Só depois é que se deve buscar o mundo exterior, aparecer para os não-cachoeirenses como uma cidade culta".

Noutras palavras, quis dizer e repito: não é o melhor apenas fazer uma semana de "barulho" na Bienal Rubem Braga, mesmo trazendo bons profissionais da cultura, se a própria cidade e a juventude dela não se prepararam adequadamente nos anos anteriores à tal Bienal.

De certa forma, ao não se aproveitarem os "todos os dias" de Cachoeiro em favor da cultura e, no caso especial, dos livros e da leitura de Rubem Braga; apenas concentrando tudo em uma semana, o que se faz é gastar inadequadamente o dinheiro público, ainda que seja dinheiro para a cultura.

Eu nem sei o que está se passando quanto aos bastidores da ainda não anunciada Bienal.

Mas faço a minha parte.

Proponho ao futuro prefeito - o que pode ser aproveitado também pelo atual - fazer aquilo que Marco Antonio de Carvalho (genial autor da biografia de Rubem) propôs, no sentido de, anteriormente à Bienal Rubem Braga, se façam seminários de literatura envolvendo os professores e os alunos locais. Aí, quando da Bienal Rubem Braga, ela terá muito mais eficácia do que as que temos tido até aqui.

É só, por enquanto.

 

Cara de Palhaço

(Texto da minha primeira CONEXÃO MANSUR (nº 1, de 2004, 19 anos passados)

Com a complacência dos senadores e dos deputados federais, o presidente da república sancionou lei que é a pena de morte para os brasileiros que conseguem dinheiro emprestado nos bancos. É a lei federal nº 19.931.

Indignado com a sanção da lei, mandei a seguinte carta ao Sr. Lula:

"Senhor Presidente, gostaria de saber se V. Exa. tem consciência do estrago que o art. 28, § 1º, I da lei 10.931, publicada em 03 08 2004, irá provocar no bolso dos cidadãos e empresas brasileiras? Esse artigo implantou a cobrança de juros sobre juros mensais, nas cédulas de crédito bancário, revogando a Lei de Usura, de 1933, sancionada em plena ditadura Vargas, mas absolutamente favorável aos tomadores de crédito (ou seja, os brasileiros que não são banqueiros).

 Sugiro, respeitosamente, que peça aos servidores públicos, antigos companheiros de V. Exa., que foram bancários, ligeiras explicações sobre o que é anatocismo e quais as implicações de se aplicar juros sobre juros mensais (juros, por exemplo, de 5 ou 7% ao mês, correntes atualmente). Peça, por favor, para que eles façam simulação de a quantas iria - por exemplo - um empréstimo de 1.000,00 reais, com esses juros cobrados mês a mês, em período de um ou dois anos.

Depois, novamente peço a V. Exa.: - compare os valores obtidos com os cálculos relativos a um depósito em poupança do mesmo valor e no mesmo período. Faça, por favor, comparação entre os valores encontrados e a inflação apurada no mesmo período (pode utilizar o índice mais alto que encontrar). Finalizando: compare, por favor, os valores encontrados e verifique se eles têm alguma relação com os lucros do Bradesco (1,25 bilhão) e do Itaú (1, 83 bilhão), ontem e hoje anunciados. Fui eleitor de V. Exa. Cordialmente, HIGNER MANSUR, Título Eleitoral nº..."

Pois bem, foram rápidos os homens do governo. No mesmo dia me mandaram o seguinte recado: "Prezado Senhor, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva incumbiu-nos de registrar o recebimento de sua mensagem. Atenciosamente, Diretoria de Documentação Histórica - Gabinete Pessoal do Presidente da República".

Abaixo do registro, completaram: - "Acompanhe os esforços do governo do Presidente Lula para tornar o Brasil país mais justo, humano e próspero para todos os cidadãos".

(Lá em 2004 fiquei me perguntando: eles entenderam minha mensagem, ou estão me gozando, achando que eu e o povo brasileiro, somos palhaços? Agora, em 2023, fico me perguntando: Será que agora eles entenderão?)

 

Liberdade é mais além

(Poema que compus em 08/11/1966 - 56 anos passados, no tempo da ditadura - poema que redescobri recentemente).

 

Se é liberdade o que procuras,

Passe aqui, vá mais além,

Pois liberdade aqui não tem,

Liberdade aqui não tem.

 

Liberdade já se foi,

Seu caminho já sumiu.

Liberdade, nada resta,

E se foi não voltou mais.

 

Cantando comigo este sonho de liberdade,

Quem sabe ela pode deixar de ser saudade,

E transformar-se em realidade.

Realidade.

 

Dia e Noite

(Poema que compus em 05/11/1968 - 54 anos passados - poema que redescobri recentemente).

 

Meio dia,

Sol a pino,

Provocando

Desatino.

Sol bem quente, indiferente,

Verão do norte, verão de morte.

 

Segue pobre criança

Pedindo migalhas de pão,

Ou mesmo dinheiro

Pra comprar alimentação.

 

Onde passa, todos olham,

E respondem com um não.

Sofre tanta humilhação.

Onde está a caridade

Das beatas da cidade?

 

Chega em casa, não traz nada,

Com a roupa já suada.

Sofre tanto, é explorada,

Pelos pais... que não têm nada.

 

Meia-noite, noite feia,

Vem trazendo morte fria.

Sem luar a noite fria,

Trás a morte como o dia.

 

Trovas

(Compostas em 17/09/1968 - 54 anos passados - redescobri recentemente).

 

Um mais um é sempre dois,

Em toda conta de somar.

Em álgebra, geometria,

Menos na hora de amar.

 

Enquanto não te conhecia

Eu em ti nem pensava;

Agora que te conheço,

Descobri que te amava.

 

A árvore é tão alta,

Que no céu busca guarida;

O que pouca gente se importa

É que ela do chão tira a vida.

 

Fiz tudo muito certinho,

A primeira vez que namorei.

Levei um chute tremendo,

E nunca mais me endireitei.


Higner Mansur Advogado, guardião da cultura cachoeirense e, atamente, vereador

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