Cachoeiro: Empregos de Verdade - Jornal Fato
Artigos

Cachoeiro: Empregos de Verdade


Anunciaram que Cachoeiro teria de volta estacionamento rotativo pago, haja vista grandes problemas que vinham ocorrendo no centro e arredores. O comércio prejudicado pela desorganização no transito local. Motoristas, por não pagarem estacionamento na rua, optaram por estacionar veículos quando vinham para o serviço; só os retiravam à noitinha, na volta para casa.

A prefeitura bem que fez licitação para organizar o rotativo, de forma que uma empresa prestasse o serviço com bastante segurança. Os cachoeirenses adoraram, principalmente comerciantes que estavam - e estão -muito prejudicados em suas vendas; compradores também. Mas alguém não foi suficientemente competente na administração municipal. O Tribunal de Contas do Espírito Santo desmanchou tudo - a licitação deve ser dentro da estrita legalidade. Está demorando recomeçar o processo.

Bom que demorasse não deveria ser, mas, ao menos, o erro municipal permite esta reclamação atrasada, mas a tempo ainda. Alguém entendeu que estávamos e estamos em tempos de modernidade e que parquímetros de cobrança sem pessoal seriam "joia". Suficientes para alguém ganhar mais dinheiro, mas desastre para a geração de empregos na cidade - uma centena de empregos (era o que tinha), enquanto a modernidade pagaria uns 10 empregados. (Cachoeiro só tem perdido empregos nos últimos anos - e perderá - ou perderia mais na troca do estacionamento contralado por trabalhadores, pelo controlado pela máquina).

Espero que nos acertos, que já demoram, venha entendimento de que emprego é mais importante que tecnologia, mormente agora que a cidade perdeu 6000 empregos nos últimos quatro anos - dados oficiais.

Com a medida viria outro benefício. Em vez de correr, como parecem estar correndo, para a aprovação de empreendimento comercial onde ficava a antiga Fábrica de Cimento, Coronel Borges, área densamente povoada e, mais que isso, de transito intensivo e, mais ainda, com formação arbórea que certamente será dizimada, a medida simples de trocar a modernidade da tecnologia pelo emprego dos necessitados cidadãos, já traria tantos benefícios que minorariam a dizimação do Cel. Borges.

Certa vez alguém disse que erro, às vezes, dá certo. Se o prefeito visse isso, aproveitaria o crasso erro do estacionamento, aumentaria o número de trabalhadores com carteira assinada e olharia com rigor para pretensa obra que anunciam como definitiva.

(Em 2 de outubro de 1995, eu era vereador. O Shopping Cachoeiro mandou ofício para a Câmara Municipal. Errou na data da inauguração. Dizia ser 27 de novembro e consertaram à mão, para 04 de dezembro de 1995. Tenho cópia da carta; ela contém outro erro, maior: - dizia que, em funcionamento, o Shopping criaria "cerca de 570 empregos diretos e centenas de outros indiretos" - não criou tantos, criou bem menos, de forma que, sem criticar o antigo Shopping, bom observar o talvez exagerado e recente indicativo de 250 empregos diretos no Cel. Borges.

História, como números, se repete para o bem ou para o mal; fiquem atentos, senhores administrados... há muita coisa mais - IPHAN, PDM, EIV, mobilidade urbana, etc.

 

INDIFERENÇA: A PIOR DAS ATITUDES

"É verdade, os motivos para se indignar atualmente podem parecer menos nítidos, ou o mundo pode parecer complexo demais. Quem comanda, quem decide? Nem sempre é fácil distinguir entre todas as correntes que nos governam. Não lidamos mais com uma pequena elite cujas ações entendemos claramente. É um vasto mundo, no qual sentimos bem em que medida é interdependente. Vivemos em uma interconectividade que nunca existiu antes. Mas nesse mundo há coisas insuportáveis. Para vê-las é preciso olhar bastante, procurar. Digo aos jovens: procurem um pouco, vocês vão encontrar. A pior das atitudes é a indiferença, é dizer "não posso fazer nada, estou me virando". Quando assim se comportam, vocês estão perdendo um dos componentes indispensáveis: a capacidade de se indignar e o engajamento, que é consequência desta capacidade...

Aos jovens eu digo: olhem à sua volta e vocês encontrarão os temas que justificam a sua indignação... Vocês encontrarão situações concretas que os levarão a praticar ações cidadãs fortes. Procurem, e encontrarão!".

(Texto do livro "Indignai-vos!", de Stéphane Hessel, Ed. Leya). Os negritos são meus. O autor é herói da Resistência Francesa, contra Hitler. Escreveu o livro aos 93 anos de idade.)

 

Eu e o Vereador Delandi

(Peço permissão aos meus leitores, para falar da Câmara Municipal, de minha atuação lá, nesta página de CONEXÃO, o que, normalmente, não faço aqui. Permissão concedida, passo a me manifestar).

Tenho por tradição, por vezes, ser duro nas coisas que digo da tribuna da Câmara. Não acho que seja ofensivo, mas, mesmo assim, sempre peço desculpas quando presumo que alguém não me entenda assim. Com frequência faço isso com o Pastor Delandi.

E são poucas as coisas que, na atividade parlamentar, me aproximam do Pastor Delandi, mas a contundência, por vezes vejo nele, também - e gosto.

Ainda que a defesa que faz desse ou daquele assunto, eu não a fizesse (e vice-versa), temos independência suficiente para nos respeitar e respeitar o que o próximo pensa,e é assim que deve ser - a unanimidade é burra.

Mas hoje, sendo amigos no facebook, vi uma arte gráfica dele, que não só me alegrou, como digo que é onde mais concordamos até hoje. E para não deixar que as palavras se percam ("verba volant" - a palavra voa, a arte fica), reproduzo a arte dele, a que me referi, aqui nesta página.

Parabéns Vereador Delandi e me desculpe, desde já, a publicação sem pedir a sua autorização para fazê-lo.


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

Comentários