A procura de estrelas - Jornal Fato
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A procura de estrelas


A pequena menina dos cachinhos volumosos havia viajado, de férias, para a casa de uma tia. Estava ansiosa para rever os parentes e as crianças do bairro, que estavam sempre a brincar de queimada, pique-bandeirinha, na rua, e a subir em um reduzido rochedo ao lado do pé de jamelão, a subida era sempre uma aventura, e a descida um pulo temeroso.

-Mas que criança não é ousada? E quer se arriscar sem pensar duas vezes. Era disso que ela também gostava.

A pequena menina queria ainda, ir com a família a tão esperada e ainda mais aguardada praia; ela estava ansiosa por aquelas águas geladinhas, e areinhas pinicantes sob os pés. Pelo sol quente que a fazia manter os olhos espremidos enquanto fazia castelos e criava muitas outras coisas, conforme sua imaginação, na areia.

Sua chegada já era esperada, e foi contada com grande alegria por sua família, mas nenhuma circunstância conseguia mudar seu desapontamento ao ver o céu, mudando bruscamente para, nublado e escuro. A decepção era vista em seus olhos castanhos, agora chorosos.

Alguns dias se passaram e nada daquele tempo mudar. Ela ligava a TV e a meteorologia só a deixava mais tristonha.

Mais uma noite chegou, uma das últimas ali, e ela decidiu dar uma espiada no céu a procura de estrelas. O céu não estava estrelado, mas algo em seu ser lhe dizia para não perder as esperanças, e então bem mais tranquila do que nas primeiras noites, deitou e tentou pensar em qualquer coisa que pudesse fazer, visto que o céu continuava a anunciar a chegada de mais um dia de intensa chuva.

Durante o começo da madrugada persistiu em abrir as cortinas, para ver quando tudo iria acontecer e as estrelinhas iriam aparecer, até parar e lembrar-se assim de um valioso conselho de seus pais, no início daquela noite, antes de dormir: sempre tenha fé.   

Pensando nisso, ela orou pedindo ao pai do céu que um lindo dia ensolarado nascesse naquela manhã, entregou suas inquietações e adormeceu.

- E não é que no dia seguinte lá estava o sol.

Ele brilhava forte, e lindo, sem nuvens para o esconder. E junto a ele o coração da pequena menina se acendia em alegria. A partir daquele dia, ela sabia, não teria mais medos bobos e inquietações demasiadas, teria sempre fé.


Dayane Hemerly Repórter Jornal Fato

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