Não sou Cazuza, mas também vejo "o futuro repetir o passado". Ocorre que o tênis Redley, uma das últimas tendências em calçado juvenil (que, para o bem ou para o mal, conquistou adolescentes de todas as idades), tornou-se uma espécie de déjà-vu coletivo dos tempos - ô tempos! - atuais.

De maneira que este colunista (avesso ao jornalismo de moda, vale frisar, entre conectivos, parênteses e outras cafonices textuais) até receia calcá-lo em seus pés-de-pato-mangalô-três-vezes. Vai que, qual um Marty McFly do Méier, ele é levado de volta para 1990, onde seu horizonte se resumia ao pôr do sol sobre a rua Piauí, a apoteose de sua infância suburbana?

Juro que tento me eximir da prosa de uma pauta só, evitando colorir minhas palavras com tons saudosistas. Tanto esforço, contudo, para nada. Relaxa, Bezerra. Se canja de galinha não faz mal a ninguém, nostalgia também não. De mais a mais, escrever crônica é fácil. Difícil deve ser, como dizia mestre Waldemar da Paixão, "fazer menino de duas cabeças".

Ainda assim, não é que sofri advertência? Por meio de mensagem mui gentil, o leitor Teófilo Porque Quilo, de Burarana Caiana, aconselhou-me a suprimir os asteriscos. Ou "saçaricos", segundo Vó Jacy de Castro, do Rio - e Amo - de Janeiro a Janeiro. Beleza. Só por hoje prometo não utilizá-los.

 

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Em mais uma tarde-noite de domingo, por entre gramados, inocências e prédios, as crianças brincam de pique-esconde, enquanto seus pais fazem churrasco na área gourmet e, como sói à contemporaneidade naçionau, embriagam-se em hits sertanojotários. Todos eles, de algum modo, seguem seus fluxos, "com passos de formiga e sem vontade".

Entretanto, se suas existências são insignificantes ou extraordinárias, aí já não posso garantir à freguesia.

 

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Para não te importunar, falarei, mais uma vez, que está tudo bem comigo (apesar de eu ter recebido "um convite caloroso para o mundo mais amplo dos Illuminati"). Até porque não me aconteceu nada: nenhum óvni tentou me abduzir, nenhuma ressaca me fez repensar o sentido da vida, nenhuma testemunha de Jeová me interfonou às sete e meia da manhã...

"Exagerado." Sim, eu sou. Do jeito que tu gostas.

 

...FALTA SÓ VOCÊ

(COM TEU DOCE BALANCÊ)

Da verdade eu sou feito,

não procedo do araque.

De amor este meu peito

bate como atabaque.

Eu não temo marimbondo,

cobra alguma me enrola.

Pois sou neto do Congo

e sou filho da Angola.